Smoothies são aquelas bebidas cremosas, mais encorpadas que sucos e vitaminas, feitas de frutas ou legumes e, às vezes, algum laticínio. Com os ingredientes certos, podem servir como porta de entrada para uma alimentação saudável. Essa é a bandeira levantada pela Smuv, que tem como carro chefe os smoothies, além de aulas de yoga e spa para possibilitar reconexões com “a gente mesmo, o corpo, o chão, a floresta e a origem”.
Aberta oficialmente no fim de 2018, a Smuv começou a ser pensada pelos sócios Lourenço Bustani, Fred Gelli, Zak Tyler e Germano Lincoln desde 2016. A ideia para explorar a possibilidade surgiu durante uma viagem de Lourenço e Germano para Ibiza, em que encontraram nos smoothies uma opção “nutritiva, gostosa, leve e revitalizante” para a agenda de lazer acelerada, como lembra Lourenço.
“Depois de abrir a Mandalah, comecei a refletir como levar adiante o propósito da empresa a outros públicos”, explica, em referência a sua consultoria de inovação consciente, apresentada aqui no Draft em setembro de 2014.
NOS EUA, CONSUMO ANUAL DE SMOOTHIES É DE QUASE 4 LITROS PER CAPITA
Lourenço viu nos smoothies uma ferramenta para alavancar esse propósito. E enxergou uma oportunidade de negócio. Segundo ele, embora estivesse na moda no exterior, a “febre dos smoothies” ainda não havia pegado no Brasil.
Nos Estados Unidos, o mercado de smoothies e sucos gerou US$ 5 milhões em 2019, segundo o portal alemão de estatísticas Statista, com um consumo de 3,9 litros per capita no ano. E, segundo a Mordor Intelligence, consultoria de pesquisa de mercado e marketing, há expectativa de crescimento de quase 7% no mercado mundial até 2024.
De negócios, os sócios entendem. Fred é cofundador e CEO da Tátil Design, agência de consultoria estratégica que constrói e gerencia marcas; Zak foi diretor da multinacional financeira Western Union; e Germano, entre outros investimentos, é sócio da rede Giraffas.
UM DOS SÓCIOS SAIU NUM “SABÁTICO DE SMOOTHIES” ATRÁS DE BENCHMARKING
Nenhum deles, porém, era expert em smoothies. Coube a Zak, um americano do Oregon que se apaixonou pelo Brasil durante um intercâmbio no Ensino Médio (e radicado aqui desde 2012), tomar a missão de levar o assunto a sério.
Insatisfeito com o trabalho, Zak vinha buscando alternativas para lidar com o estresse. Meditação e yoga já faziam parte do seu cardápio, mas ele ainda sentia falta dos bares de smoothies tão comuns na costa oeste dos EUA, de onde veio.
Ele decidiu largar o emprego e sair num “sabático de smoothies”. Foram dois meses de benchmarking pela Tailândia, Indonésia, Califórnia e Nova York, em busca de ingredientes, combinações e modelos de produção que pudessem ser replicados aqui, e mapeando superalimentos que pudessem gerar receitas saborosas e nutritivas. Zak afirma:
“O desafio era combinar os superalimentos com frutas para criar uma bebida gostosa. Não basta cortar tudo e jogar no liquidificador — porque aí vira gelo”
Entre esses superalimentos identificados pelo empreendedor estão o cogumelo Reishi, calmante e desintoxicante, e a camu-camu, fruta da Amazônia rica em vitamina C.
A ESTRATÉGIA E AS RECEITAS FORAM DESENHADAS NUM RETIRO EM TULUM
Na volta, Zak e os demais sócios se reuniram em Tulum, no México, para desenhar a estratégia e o cardápio. Lourenço lembra que a Península de Yucatán, onde fica Tulum, foi o local da queda do asteroide que dizimou os dinossauros, há 66 milhões de anos.
“Hoje, [a região] é o berço de uma natureza resiliente e exuberante. Como a Smuv estabelece uma reconexão com a Terra, através dos superalimentos que provê em seus smoothies, sentimos que lá seria um lugar muito apropriado para nos inspirarmos”
São 6 receitas de smoothie, todas com leite de coco e amêndoas e um superalimento, por um preço médio de R$ 33.
Inspirados pela natureza local, traçaram os valores da Smuv. O respeito ao meio ambiente se reflete nos ingredientes orgânicos e veganos (eles usam leite de amêndoa e coco feitos em casa), e até na embalagem dos smoothies, feita de fécula de mandioca, que quando não comida é compostável.
Desse brainstorming mexicano saíram seis receitas, todas com leite de coco e amêndoas e um superalimento. Entre elas, a “Pink Power”, com camu camu, banana, morango e tâmara, sugerida contra a gripe e para um “coração contente”; e a “Amên”, com cogumelo Reishi, pasta de amêndoas, banana, nibs de cacau e tâmara, que teria efeito calmante.
O lema é que tudo vem da terra e volta para a terra. “A gente quer cuidar não são da saúde dos nossos clientes, mas também do planeta”, diz Zak.
AO BUSCAR UMA SEDE, SURGIU A OPORTUNIDADE DE AMPLIAR O NEGÓCIO
O desdobramento da proposta inicial em um espaço mais amplo, com oferta de cuidados para o corpo e para a mente, veio meio por acaso. Lourenço explica
“Nossa ideia era achar um ‘buraco’ na parede em algum lugar como Pinheiros, Vila Madalena ou Jardins, e só focar nos smoothies. Mas aí encontramos um espaço muito maior pelo mesmo preço”
Antes ou depois de tomar um smoothie, o cliente pode realizar uma aula de yoga ou visitar o spa, outros serviços oferecidos pela Smuv.
O imóvel de dois andares fica na Rua Bela Cintra, nos Jardins. É um espaço arejado, aconchegante, com plantas, tapetes e móveis de madeira. O projeto arquitetônico foi desenhado pelo Studio Janet Vollebregt, que mantém escritórios na Holanda e em Alto Paraíso (Goiás).
No primeiro andar fica o bar de smoothies; no segundo ocorrem as aulas de yoga (são sete professores) e os serviços de spa, com três terapeutas terceirizados.
Do começo da pesquisa de mercado até a inauguração, levou cerca de um ano. Os sócios investiram cerca de R$ 600 mil, entre obras e equipamentos, como freezers industriais.
NO COMEÇO, A DEMANDA OBRIGOU OS SÓCIOS A “COLOCAR A MÃO NA MASSA”
O público parece ter aprovado. Na primeira semana de funcionamento, em janeiro, venderam 125 smoothies por dia (a bebida custa, em média, R$ 33), obrigando os sócios a “colocar a mão na massa”: chegaram a trabalhar 12 horas na linha de montagem. Em cima da hora, precisaram comprar mais três freezers, pois achavam que só um daria conta da demanda. Zak diz:
“A maior diferença entre ser funcionário de uma empresa grande e ser empreendedor é que quando você é funcionário, você consegue desligar. Agora, passo o tempo todo pensando como posso melhorar o serviço ao cliente, a operação”
Hoje com uma equipe de cinco funcionários, Zak ainda não abandonou a linha de frente da operação (nem pretende fazê-lo tão cedo, diz). A ideia é contratar mais um colaborador para se preparar para o verão e, no fim do primeiro semestre de 2020, expandir. Não há nada definido, mas os sócios afirmam que já há shoppings interessados em abrir franquias. O dilema agora é avaliar a viabilidade de atender à demanda — sem diluir o conceito.
Reunir gente brilhante e resolver dilemas complexos em cinco dias: essa é a proposta da Mesa. Barbara Soalheiro conta como a empresa hoje atende big techs nos EUA e lançou recentemente sua própria plataforma de ensino.
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Thais Pugliese desenvolveu Síndrome do Pânico trabalhando no mercado imobiliário. Para se reinventar, embarcou em retiros de Yoga e assumiu uma agência de turismo de experiência voltada a quem quer dar uma pausa no dia a dia, em busca de transformação pessoal.