O primeiro chamado veio em 2013 – o mesmo ano em que fui fardada no Santo Daime.
Naquele momento, algo dentro de mim se reorganizou.
Era como se meu peito, antes adormecido, começasse a pulsar de novo. Um ânimo antigo – talvez ancestral – se acendeu. Não era só a força da planta. Era algo mais. Um convite sutil e profundo
Dentro de mim havia um cansaço de existir. Um desejo de sumir.
Vivi períodos em que a ideia de morrer parecia mais leve do que a de continuar. Era como se a vida tivesse perdido o sabor.
Mas naquele campo aberto pela medicina da floresta, algo começou a se transformar.
Foi ali que conheci as Mestras Abelhas. Ou melhor, fui chamada por elas. Digo “Mestras” porque foi assim que senti: seres de sabedoria que se revelavam a mim com delicadeza e urgência.
Elas me trouxeram um sentido. Um fio de conexão com algo maior. Algo vivo.
Minha relação com as abelhas não começou nos livros, mas no sentir. E essa conexão me levou até a apiterapia – o uso terapêutico do mel, do própolis, do veneno e de outros produtos das abelhas para tratar dores físicas e emocionais
Enfrento sintomas que indicam um quadro de fibromialgia e também episódios ligados à bipolaridade.
Sou um ser hipersensível – e isso, que por vezes foi fonte de sofrimento, também se revelou um dom.
As abelhas começaram a cuidar de mim com sua medicina precisa, vibracional. Me trouxeram alívio, equilíbrio, uma outra forma de viver no corpo e na alma.
E ao mesmo tempo em que me curavam, elas me mostravam sua própria vulnerabilidade. O risco real de extinção. O desequilíbrio profundo da Terra.
Foi aí que comecei a buscar formas de cuidar delas também. Em 2019, conheci a agrofloresta, no Sitião, em Terra Roxa (SP). Ali, entendi que plantar para as abelhas era uma forma de devolver à vida o que ela me deu: abrigo, propósito, direção
E ao cuidar da floresta, fui percebendo que também estava me cuidando. Curando o corpo, a mente, a fé.
Esse caminho virou profissão. O que começou como um movimento de sobrevivência virou missão.
Passei a trabalhar com agrofloresta, apicultura, educação ambiental e espiritualidade. Encontrei uma egrégora linda da Nova Era, onde fui acolhida e valorizada.
Hoje, sigo firme nesse fluxo: natureza, serviço, cura e conexão
Minha vida nem sempre foi assim. Antes do Daime, eu trabalhava na indústria e no comércio, em vendas e áreas administrativas.
Em 2009, conheci a doutrina – e tudo mudou. Me aproximei da cultura popular, dos projetos comunitários, da organização de eventos e do trabalho voluntário.
Por alguns anos, fui nômade, acolhida por diferentes espaços, atuando com harmonização de ambientes, recepção e o que mais fosse necessário para manter o fluxo vivo.
Em 2013, formalizei minha atuação como MEI e passei a colaborar com iniciativas culturais. E desde 2019, sigo aprofundando meu caminho com a agrofloresta, as abelhas e a espiritualidade.
Atualmente, presto serviços na Fazenda São Francisco, na Vila de Serra Grande, município de Uruçuca, na Bahia – que, em tupi, significa “lugar de abelhas”. Mais uma confirmação de que estou onde deveria estar
Hoje entendo que não fui eu que escolhi esse caminho. Fui chamada.
E aceitei continuar existindo – com minha sensibilidade, minhas cicatrizes e minhas visões – por mim, por elas, por tudo o que ainda está por vir.
Josiane Aparecida da Silva começou a vida profissional na indústria e no comércio, atuando com vendas e administração. Em 2009, conheceu o Santo Daime – um divisor de águas que a conectou com a cultura popular, o trabalho voluntário e as medicinas da floresta. Fardada em 2013, passou a atuar com projetos culturais e, desde 2019, trabalha com agrofloresta, apiterapia e espiritualidade como caminhos de cura. Atualmente, presta serviços na Fazenda São Francisco, em Serra Grande (no distrito de Uruçuca, litoral sul da Bahia).
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