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Sonho olímpico: atleta e treinador contam como dormir é estratégia para os Jogos de Tóquio

Adriana Küchler - 19 jul 2021
Representante do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, Eliane Martins se dedica a um sono de qualidade como parte do treinamento (Carol Coelho/CBAt)
Adriana Küchler - 19 jul 2021
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Na intensa rotina de preparação para competir nas Olimpíadas de Tóquio, Eliane Martins treina, em média, duas horas por dia. E dorme, no mínimo, nove horas por noite. Religiosamente, às 21h30, a atleta, destaque na modalidade salto em distância, está na cama. E não acorda antes das 6h30. Longe de ser uma trivialidade, tanta dedicação ao sono é, antes de tudo, uma estratégia.

“O sono é tão importante quanto o treino e a alimentação. Eles andam lado a lado”, diz a atleta catarinense, de 35 anos, às vésperas de viajar para o Japão para participar de sua segunda olimpíada.

Mas garantir uma boa noite de sono é uma preocupação recente para a atleta, ligada à Federação Paulista de Atletismo. “Nem sempre tive esse cuidado. Quando a gente é novo, acha que se recupera mais rápido. Com o tempo e a experiência, descobri que, se durmo mal, fico quebrada, o treino não rende e demoro a me recuperar. Preciso descansar bem para render bem.”

O cuidado da atleta é elogiado pelo treinador Nelio Alfano Moura, que já treinou medalhistas olímpicos como Maureen Maggi e que também estará nos Jogos de Tóquio, que acontecem de 23 de julho a 8 de agosto. “Ela leva muito a sério a questão do sono, vai pra cama cedo, se desconecta. Faz tudo certinho e tem colhido frutos por isso.”

Dar ao sono o tempo que ele merece

Para apoiar toda essa dedicação ao bem dormir, a startup de produtos premium para o sono Zissou presenteou a craque do atletismo com um travesseiro da marca e uma carta de incentivo.

Saltadora olímpica recebeu travesseiro e cartinha de incentivo da Zissou

“Nos dias de hoje, com a obsessão por produtividade e pela tecnologia, não damos ao sono o tempo que ele merece. Quando o assunto é a prática esportiva, isso é ainda mais fundamental. Se a fundação não estiver cem por centro, não há estrutura que segure uma casa em pé”, diz Amit Eisler, cofundador da Zissou. Durante a Copa do Mundo da Rússia, a empresa chegou a mandar um colchão para amenizar uma lesão do jogador da seleção brasileira Marcelo.

“Nós somos apaixonados por esporte e estamos na torcida pela Eliane”, diz Amit. “Por isso, decidimos enviar nossas energias positivas e um presente para a atleta.”

Uma droga legal para melhorar o desempenho

Medalhista de campeonatos sul-americanos e ibero-americanos em sua modalidade, Eliane não é a única esportista a destacar a importância fundamental do sono para a sua performance. Cada vez mais, outros atletas de elite, como o velocista Usain Bolt, a tenista Serena Williams e o jogador de futebol americano Tom Brady, exaltam as maravilhas de dormir bem para garantir um bom desempenho.

Bolt, um super campeão olímpico, já chegou a dizer, inclusive, que dormir era a parte mais importante de seu treinamento. Segundo o neurocientista inglês Matthew Walker, autor do best-seller sobre o sono “Por que Nós Dormimos”, o sono pode ser a melhor droga legal de aprimoramento de desempenho atual – e da qual poucos atletas estão abusando o suficiente.

Por isso, controlar os hábitos de sono dos atletas vem se tornando quase uma obrigação entre delegações olímpicas de destaque, como a equipe americana. Os preparadores dos Estados Unidos chegam a fazer um “plano de sono” baseado nas metas e treinos de cada esportista, além de planos para administração do jet lag na chegada ao Japão.

A atleta em premiação com o casal de treinadores Tânia e Nelio

Por aqui, Nelio, que orientou dois atletas na conquista do ouro nos Jogos de Pequim, não fica atrás. Sua equipe monitora o sono dos esportistas por meio de um aplicativo em que os próprios atletas inserem informações sobre a quantidade e a qualidade do sono, entre outras métricas.

“Sem descansar bem, você não treina bem. Além disso, estudos mostram que a quantidade de horas que se dorme à noite pode reduzir em até 50% os riscos de lesão quando se comparam atletas que dormem de oito a nove horas por noite com outros que que dormem menos de seis horas”, diz o treinador. “E essa é uma das nossas maiores preocupações.”

Período de recuperação

O descanso, ele garante, é tão importante quanto o treino. Afinal, é à noite que o corpo se recupera e assimila as mudanças técnicas feitas nas práticas do dia. “As adaptações não acontecem durante a sessão de treino, e sim durante o período de recuperação, particularmente enquanto você está dormindo.”

Entre as recomendações que Nelio dá aos atletas para que durmam melhor estão cuidados que valem pra todo mundo: não levar o celular pra cama, evitar os eletrônicos à noite e dormir cedo. Eliane, diz o treinador, é uma das poucas que conseguem atingir a meta.

Apesar de ser uma atleta exemplar, a saltadora conta que também sofre com um problema bem mundano quando um evento importante se aproxima: a ansiedade.

“Antes de uma competição, não consigo dormir. Fico com medo de não acordar, de não chegar a tempo. No Pan de Toronto, minha barriga chegou a doer de tanta ansiedade.”

Ainda assim, a atleta conta que, por sorte, a insônia pré-prova nunca prejudicou seus resultados. Mas, por vezes, se estende para além da competição. “Quando vou muito bem, também fico sem dormir, só assimilando tudo o que aconteceu.”

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