Vontade de empreender e o sonho de transformar a realidade são importantes, mas não bastam. É preciso uma grande idéia. E foi ao observar a própria mãe idosa que esta luzinha acendeu para o paranaense Eduardo Ramires, CEO da Broder App. Quando a visitava, no interior de São Paulo, percebia o quanto ela adorava passear e fazer atividades externas. O humor mudava, a alegria era visível. Entretanto, nem sempre era possível que alguém da família a acompanhasse. O fato dela ser cadeirante dificultava ainda mais estas saídas.
Assim Ramires criou, em 2019, a Broder App, uma startup que oferece profissionais treinados para dirigir e fazer companhia para pessoas idosas e com deficiência em atividades como passeios, consultas, exames e turismo.
Atualmente, 74 motoristas estão cadastrados no app na aba “Broder Leva”, que atua em Curitiba. Os clientes pagam a corrida cheia acrescida de uma taxa de 8%, que fica com a startup. O valor é pequeno para não onerar demais o consumidor, mas a Broder ganha no volume.
“Temos uma central de apoio e um cadastro com telefones de contato dos clientes, se a pessoa tem ou não plano de saúde, comorbidades ou alguma necessidade específica que o taxista precisa ficar sabendo. Os motoristas aprendem, por exemplo, a lidar com cadeirantes e pessoas com deficiência visual. Eles são super receptivos e gostaram muito da ideia”, disse Ramires.
Na aba “Broder Acompanha” tem um time de 21 pessoas – a maioria, cerca de 80%, são, na realidade, sisters. Elas recebem no mínimo R$ 25 por hora, cerca de 75% da tarifa paga pelos clientes. O principal serviço realizado é o acompanhamento para consultas e exames.
“Quando a Broder começou, tínhamos um certo fôlego financeiro. O momento era bom e o crescimento, constante. Depois, com a pandemia, o faturamento foi a zero”, lembra Ramires.
A chegada da pandemia de Covid-19 foi uma puxada de tapete nos negócios de Ramires – que estavam indo muito bem até então. Todo o trabalho era feito de maneira presencial e precisou ser suspenso. Era hora de se reinventar.
Foi assim que Ramires investiu nas atividades e ferramentas online. A proposta central da Broder Online foi a de possibilitar um aumento da autonomia e bem-estar de pessoas durante o período de isolamento social – principalmente as idosas. A primeira frente foi o ensino do uso de tecnologia básica do dia a dia, necessária durante um período prolongado dentro de casa devido à pandemia. Ramires conta que ensinava como usar o Whatsapp, Instagram e redes sociais. “Eles queriam mesmo era saber como se usava o Tinder”, contou.
Com o arrefecimento da pandemia, o trabalho voltou ao presencial e à sua missão original.
“Nossa proposta sempre foi o presencial, nosso DNA. Acreditamos que o melhor modo de fazer com que a sociedade se torne aos poucos mais inclusiva, com mais respeito à diversidade, é promover encontros”.
Para ajudar na capitalização da Broder, a aposta para 2023 é na capacitação de empresas, o que gera um lucro maior para o aplicativo. A startup promove treinamentos de inclusão e acessibilidade para funcionários de companhias. O primeiro cliente foi a operadora de trens turísticos Serra Verde, que faz o trajeto entre Curitiba e o município paranaense de Morretes.
O treinamento é feito para a inclusão de pessoas com deficiência e idosos. “Usamos a técnica da troca de sapatos, quando os colaboradores se colocam no lugar de uma pessoa deficiente visual ou cadeirante e se deixam guiar”, explica Ramires, que tem mais dois sócios para tocar o negócio.
Mas a capacitação também envolve a conscientização para questões de gênero, raça e orientação sexual. “Neste caso, buscamos usar a arte e a vivência das pessoas para promover a empatia”.
Ramires afirma que é fundamental os gestores estarem presentes: “Eles precisam entender o que está sendo tratado. Para fazer políticas ESG, é preciso estar alinhado com a governança”.
A mais nova vertente de negócios do aplicativo é “Broder Travel”, que oferece os taxistas e acompanhantes cadastrado para operadores do setor de viagens.
“O atendimento de pessoas com deficiência e idosos é uma dor das empresas de turismo. Geralmente, ele é feito de forma informal. Algumas operadoras, por exemplo, chegam a recusar pacotes para pessoas cegas. Se as empresas querem atender bem e melhorar sua cultura organizacional precisam olhar para todos os públicos”.
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