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Como um evento climático nos EUA pode interferir no preço da sua sobrecoxa de frango? Entenda a cadeia interligada da BRF

Cláudia de Castro Lima - 10 dez 2020
Segundo Claudio Nessralla, diretor de Arquitetura & Integração Sistêmica, a BRF é “um sistema de sistemas”. (Foto: Freepik)
Cláudia de Castro Lima - 10 dez 2020
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Certa tarde, Joana dormiu no metrô. Perdeu a estação na qual deveria descer para fazer uma entrevista de emprego em uma indústria farmacêutica. Perdeu a entrevista e a chance do emprego mas, meses depois, conseguiu trabalho em uma metalúrgica.

Na empresa, Joana conheceu Luísa, que a incentivou a fazer uma faculdade. Com o diploma, Joana conseguiu uma promoção para gerente de sua área. Sua nova sala ficava ao lado da de Pedro. Os dois se apaixonaram, casaram-se e tiveram um bebê. Tudo isso aconteceu porque Joana dormiu no metrô.

Todo mundo tem uma história parecida com a de Joana para contar. A nossa Joana, desculpe, não existe – é só uma personagem fictícia para explicarmos algo que parece místico, mas é científico. Já ouviu falar na Teoria do Caos? Uma das leis mais importantes do universo, ela prega que uma minúscula alteração no começo de um evento qualquer pode ter consequências enormes e imprevisíveis no futuro.

A Teoria do Caos foi estabelecida quando, no início dos anos 1960, o meteorologista americano Edward Lorenz fez um teste em um computador quando simulava o movimento de massas de ar.

Ao mudar certa vez um dos cálculos, usando um número com algumas casas decimais a menos, Edward esperava uma pequena alteração no resultado. Essa mudança pequenina, no entanto, mudou totalmente o padrão das massas.

Ele então disse que parecia que “o bater das asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas”. E, mais tarde, criou equações que mostravam o que batizou de “efeito borboleta” – que, aliás, é o nome de um filme com Ashton Kutcher de 2004.

Mas o que tudo isso tem a ver com a BRF?, você pode estar se perguntando. Respondemos: quando uma empresa tem uma cadeia toda interligada como a gigante de alimentos, tudo.

“Somos um grande sistema de sistemas”, afirma Claudio Nessralla, diretor de Arquitetura & Integração Sistêmica da BRF. “Tudo é interconectado e interdependente. Dessa forma, não é possível produzir um resultado final eficiente se houve um problema em algum dos elos.”

COMO ISSO ACONTECE NA PRÁTICA?

Segundo Claudio, a cadeia começa na produção de grãos, porque são eles que vão alimentar os frangos e suínos que são produzidos por parceiros da BRF (veja o infográfico no fim desta matéria). E muita coisa pode interferir nela.

O consumidor, que está na ponta dessa cadeia, muitas vezes sequer percebe o processo todo quando está no mercado comprando sua sobrecoxa de frango temperada Sadia.

Para a embalagem chegar lá, é preciso que os animais sejam criados seguindo rigorosos princípios sanitários e de bem-estar. Depois do abate, há o processo fabril, o processo de embalagem e de distribuição.

“Conseguir comida não depende mais apenas de uma única pessoa, e sim de uma complexa rede de produção e distribuição”, diz Claudio.

Essa cadeia longa, viva e complexa é diariamente impactada por uma série de fatores. Entre eles, o clima, o controle de pragas, o câmbio, as relações internacionais e até políticas.

Se uma seca reduz a produção de grãos nos Estados Unidos ou chuvas torrenciais atrapalham a safra argentina, o grão brasileiro vai ser mais procurado pelo mercado mundial. Com isso, ele encarece aqui, o que reflete na produção de ração para os frangos e suínos – e, consequentemente, no preço do produto na prateleira.

UM CASO REAL: O SURTO DE PESTE SUÍNA AFRICANA E O IMPACTO GLOBAL

Em 2018, um surto do vírus que transmite a peste suína africana afetou os produtores da China. Esse vírus é fatal para os porcos, apesar de não afetar os seres humanos. O rebanho chinês, portanto, começou a morrer aos montes.

Facilmente transmissível, em pouco tempo o vírus espalhou-se pelas fazendas – que, na China, eram em grande parte compostas por pequenos produtores. Para reduzir o déficit de proteína no país, o governo chinês aumentou a importação da carne suína, a carne mais consumida de lá, mas também de outras proteínas como carne bovina e frango.

A consequência imediata foi um aumento expressivo do preço da carne suína – e das proteínas substitutas, como carnes de frango e bovina.

Aqui no Brasil, para aproveitar a demanda chinesa com preços elevados, os produtores aumentaram o abate de suíno e de frango. O primeiro semestre, época em que geralmente há queda sazonal dos preços dessas carnes, não seguiu o movimento em 2019.

Com o aumento da demanda externa por proteínas, o preço das carnes de boi, de porco e de frango subiu significativamente por aqui, atingindo novos patamares recordes.

A China deve voltar a recuperar a produção suína em 2025 – e de forma mais profissional. A meta do país é ser 95% autossuficiente na produção de carne suína. Quando isso acontecer, o país vai demandar menos carne importada.

Por outro lado, com plantas mais profissionais, os produtores chineses vão precisar de ração de mais qualidade – e, assim, mais milho e soja. Com o risco elevado, o câmbio do Brasil tende a se manter desvalorizado, o que deixa os preços de grãos mais atrativos para importadores.

Mais exportação puxa preços para cima – a ração para os produtores de animais, portanto, deve encarecer. A BRF já tem uma estratégia muito robusta para os grãos. Mas isso deve afetar o setor nacional, que vai precisar ser mais eficiente.

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