“Cuidar do outro precisa começar pelo cuidar de si. Que tal reservar 15 minutos diários para praticar o autocuidado?”

Tati Leite - 23 jun 2023
Dani e Tati Leite (à direita), irmãs e criadoras da jornada Inspira, Respira e Pira!
Tati Leite - 23 jun 2023
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(Esse texto foi escrito por um humano. Ou melhor, humana.) 

Não sei como está sua timeline, mas a minha todo dia tem uma novidade sobre inteligência artificial: as maravilhas que ela viabiliza, os perigos que ela representa …

Confesso que nem me assusto mais. Minto, me assunto sim. É assustador, fato. Mas não me choco. Há tempos venho acompanhando as evoluções das tecnologias disruptivas de nomes difíceis e já entendi (e aceitei) que a única certeza da vida é a … mudança. 

É … até a morte parece ser contornável com tecnologia, num futuro não muito distante.

Ocorre que, como humanidade, não acompanhamos emocionalmente (nem socialmente) a evolução exponencial dessas tecnologias emergentes.

Imagine o que significa a promessa dos casamentos “até que a morte nos separe”, em um contexto em que as pessoas vivam, em média, 300 anos? Imagine o que muda no desenho do mundo, quando isso for verdade?

(Mas calma, respira… não pira – ainda. Já, já quero fazer o convite oposto.) 

Minha intenção aqui é chamar atenção para o fato de que, no contexto atual, precisamos, mais do que nunca, parar de nos distrair ou nos apavorar com o que vem pela frente e começar a refletir a respeito de quais tecnologias emocionais devemos desenvolver, resgatar, remixar e hackear para lidar com os desafios e oportunidade de um mundo em transição.

Segundo a Wikipédia, tecnologia emocional é “todo o produto, método, processo ou toda técnica criada para solucionar algum tipo de problema emocional e que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade (e reaplicabilidade) e impacto emocional comprovado”.

ROBÔS HUMANIZADOS, HUMANOS ROBOTIZADOS. COMO O BURNOUT NOS LEVOU A CRIAR A CURADORIA

Estamos adoecendo, coletivamente. Vivemos em uma pandemia de depressão e suicídio. A era do cancelamento, do burnout. Uma época de robôs humanizados e humanos robotizados. Um ritmo tão frenético, que precisamos ficar atentos para não virarmos máquina.

(Aliás, permita-se uma pausa agora e clique no link acima para escutar a poesia Desumanizo, do livro Mulheres Que Soul, escrito por uma das minhas musas (e irmã), Dani Leite.)

(PAUSA)

Se permitiu? Se identificou? É difícil pausar, né? A poesia te gerou tensão? Como se sentiu? Já parou para perceber isso? Já percebeu quão pouco se percebe? 

Pois é… eu já. E foi bem na loucura da pandemia, quando a Benfeitoria, plataforma de financiamento coletivo para projetos de impacto da qual sou cofundadora com meu marido, saiu de um patamar de 400 projetos para 7 mil. 

De uma hora para outra, tivemos que lidar com um aumento brutal das demandas e desafios do trabalho e de casa. E exatamente pela consciência do privilégio que era ter que lidar “só” com isso, não nos permitimos parar.

Dormíamos quatro horas por noite, trabalhávamos 14. O resto era para cuidar dos filhos (dois ciclones de bolso, com 3 e 5 anos, na época) e da casa/comida/roupa

Quebramos uns cinco mops na busca de uma faxina mais eficiente. Era como o Feitiço de Áquila: quase não nos víamos, mesmo sem sair de casa, para dar conta de “”tudo”” – com muitas aspas. Esquecemos de nós. E o burnout deixou de ser uma expressão da moda para ser vivido na pele por aqui. 

Por sorte, eu tinha acabado de virar vizinha da minha irmã, Dani, que, além de autora do livro Mulheres Que Soul, é mãe, Phd em fisiologia, mentora integrativa de empresárias e empresários — e dona de um repertório “bruxólico” divino, que me ajudou demais ao longo da vida.

E foi nos encontros de máscara, aos fins de semana, que criamos a CURADORIA, um projeto de curadoria e produção de conteúdo de cura, em todos os sentidos da palavra

Tecnologia emocional de ponta, testada e aprovada com nota 9.4 (e depoimentos de tirar o fôlego) pela turma piloto que fizemos no ano seguinte, composta por mais de 100 mulheres.

A JORNADA PILOTO FOI PENSADA PARA QUE AS MULHERES PUDESSEM SE CUIDAR EM 15 MINUTOS. SIM, SÓ 15 MINUTOS!

Nossa primeira jornada foi desenhada para mulheres que estavam sem tempo de se cuidar — especialmente (não exclusivamente), mulheres com filhos pequenos.

Com apenas 15 minutos diários, ela traz, por 21 dias, três pílulas de autocuidado de cinco minutos cada: 

Momento Inspira — Cinco minutos para semear, intencionalmente, seu subconsciente (tão bombardeado com negatividade) com conteúdos inspiradores.

Momento Respira — Cinco minutos para exercitar a atenção plena e presença, tão difícil e importante nesse mundo de distrações que vivemos.

Momento Pira — Cinco minutos para colocar a energia para fora e te libertar do que te oprime ou limita (pirar aqui para não pirar no resto do dia, não é mesmo?)

Eu sei. Quinze minutos parece pouco, mas é possível. E isso muda tudo. Como sempre digo: “feito é melhor que perfeito”.

A IMPORTÂNCIA DE CUIDAR DE QUEM CUIDA

Embora a jornada tenha sido cura para mim e Dani, não fizemos por nós. Fizemos por entender a importância e urgência de cuidar de quem cuida.

Segundo a OXFAM, mulheres contribuem anualmente para a sociedade em cuidados não remunerados, o que custaria aos cofres públicos/privados 10.8 trilhões de dólares (o suficiente para acabar com a miséria do mundo mais de 100 vezes). É a economia do cuidado.

(Depois dessa, talvez até precise de uma pausa no melhor estilo Pira, para extravasar. Recomendo fechar o olho e dançar ao som de Germinar, da deusa Flaira Ferro)

Poderoso, né? Me encanta o poder que a música tem de mudar totalmente nosso estado de espírito…

Uma máxima difícil de ser aplicada, mas absolutamente fundamental para tornar o ciclo de cuidado sustentável: cuidar do outro precisa começar pelo cuidar de si

Na jornada de 12 anos empreendendo (e nove maternando), aprendi que, mais que resistência, precisamos de resiliência para lidar com tudo e tanto. Como diz Verônica Alves“A fluidez irá te levar a lugares onde a força jamais sonhou em existir”. 

Mas para fluirmos, precisamos abrir espaço para nos esvaziarmos — e, em seguida, nos preenchermos de nós mesmas. 

Por isso, a jornada Inspira, Respira e PIRA! foi pensada em cima da Teoria U: na primeira semana, mergulhamos para limpar os excessos que carregamos; na segunda, nos apropriamos dos nossos poderes; e na terceira trabalhamos nossas relações com o mundo.

AGORA, A IDEIA É TRANSFORMAR A JORNADA EM LIVRO. E PARA ISSO, NADA MELHOR DO QUE UMA CAMPANHA DE FINANCIAMENTO COLETIVO NA NA BENFEITORIA

A receptividade da turma piloto foi tão maravilhosa, que entendemos que precisávamos transbordar e decidimos transformá-la em livro, com as ilustrações de outra mãe empreendedora que admiramos muito: Marina Nicolaiewsky, fundadora do Cadernicos.

E, claro… vamos custear a ilustração e impressão na Benfeitoria, via financiamento coletivo, que é sempre mais sobre o coletivo do que sobre o financiamento em si.

E tem mais: se batermos a meta, o livro será publicado pela Bambual Editora (de outra mulher extraordinária, Isabel Valle) e estará disponível em várias livrarias pelo Brasil pós campanha. Olha que honra! 

O projeto do livro “Inspira, Respira e Pira”

Todos apoiadores da campanha, além de ajudar a disseminar o projeto, aumentando seu alcance e impacto, terão seus nomes nos créditos do livro e, dependendo da faixa de apoio, ainda receberão outras recompensas lindas (o livro, entre elas, claro). Para conhecer e apoiar, basta acessar o site.

Como sempre reforça a Dani, a cientista que virou cobaia de si: 

“Não temos pretensão de criar a jornada perfeita. Cada mulher é única. A ideia é ampliar seu repertório de saberes ancestrais, culturais e científicos para que cada uma possa se reconhecer como curadora de si e do sistema à sua volta”.

Ser curadora de si e do sistema a sua volta… Isso não vale só para as mulheres. Cuidar de si, do outro e do planeta é responsabilidade de todos (responsabilidade = habilidade em responder)

Quando as relações (sejam elas pessoais ou institucionais) passarem a se basear nessa ética do cuidado, tudo muda. E de forma fluida. Simples e poderoso assim. 

E tem tecnologia mais radical do que essa? 

Radical = que vem da raíz

 

Tati Leite é empreendedora social, cofundadora e CEO da Benfeitoria, plataforma de financiamento coletivo que já mobilizou mais de 200 milhões de reais em impacto — e mãe de dois meninos.

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