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“Um carro estático conta história. Um carro em movimento faz história.”

Bárbara Caldeira - 3 mar 2020Fiat 147 no Rallye Histórico
Fiat 147 1978 de acervo levou troféu de destaque do rali.
Bárbara Caldeira - 3 mar 2020
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Em 1978, os Rolling Stones lançavam o álbum Some Girls, com faixas como Miss You e Beast of Burden. Bruce Springsteen, por sua vez, apresentava ao mundo seu quarto disco, Darkness on the Edge of Town, com músicas como The Promised Land. Todas são, até hoje, uma boa trilha sonora para colocar o pé na estrada e curtir o caminho sem se preocupar com o destino — a gaita de Bruce tem aquela cara de canção de asfalto quente. No mesmo ano, na fábrica da Fiat em Betim (MG, Brasil), o Fiat 147 (lançado em 1976) era produzido em massa. Muita gente rodou pelas vias brasileiras a bordo do primeiro Fiat produzido no Brasil e primeiro carro a etanol produzido em série no mundo inteiro com essas músicas ou outras igualmente imortais no toca fitas.

Um desses exemplares de 1978, com toda memória que mais de 40 anos podem acumular, foi parar na 5ª etapa da Copa Paulista de Rallye Histórico, que aconteceu dia 23 de novembro em São Paulo(Brasil). Mas tem um detalhe importante: esse exemplar faz parte do acervo histórico da Fiat, com status de relíquia.

Em uma ação sem precedentes, o Fiat 147 saiu da preciosa coleção direto para a pista — e foi valente. “O mais legal é colocar o acervo para funcionar. Ter um museu a céu aberto, dinâmico. Foi o que fizemos. Pegamos o carro lá, trocamos a bateria, óleo, filtro, enchemos o pneu, abastecemos e fomos correr com ele”, conta, empolgado, Ricardo Dilser, assessor técnico da FCA para a América Latina e piloto profissional até 2008.

Dilser assumiu o posto de navegador na prova, e o volante ficou nas mãos de Felipe Bitu, jornalista da revista Quatro Rodas.

“A Fiat é um dos poucos fabricantes nacionais a ter um acervo próprio de antigos, dada sua preocupação com a preservação da cultura e da história. Nenhuma outra marca simpatizou com a ideia de participar de um rali histórico”, conta Bitu.

Fiat 147 no Rallye Histórico

O Fiat 147 com Dilser ao volante, antes de assumir o posto de navegador da prova.

 

Do acervo para as pistas

O primeiro desafio foi fazer caber os dois tripulantes. Bitu tem praticamente 2 metros de altura, e Dilser também é alto. Mas o carro foi amigável.

“O meu tamanho já me impediu de avaliar e testar automóveis interessantes, como o Willys Interlagos e o Lotus Europa. Apesar de compacto, o Fiat 147 é muito bem resolvido por dentro: não foi difícil passar tantas horas ao volante”, diz Bitu.

A relação é mesmo de afeto, e de muita admiração. “Reverencio o Fiat 147 por sua história ímpar: um modelo estrategicamente pensado para o Brasil, com soluções técnicas e de estilo que não foram adotadas pelo Fiat 127 na Europa”, revela.

A paixão por carros foi influência da família, especificamente do tio, Luís. “O meu pai, Francisco, sempre gostou de automóvel, mas, para ele, os carros eram mais uma máquina para nos levar do ponto A até o ponto B. O tio Luís sempre foi o cara do pé pesado: se o meu pai comprasse um Fiat 147, o tio Luís faria questão de comprar um 147 Rallye”, brinca. Dilser também tem uma relação especial com o carrinho. Tanto seu avô materno, João Mendonça, quanto o avô paterno, Paul Dilser, tinham Fiat 147. “Eu era moleque e adorava ficar manobrando o carro na garagem mesmo que de uma maneira escondida. Tenho ótimas recordações com o 147 e estou comprando um agora”, confessa.

 

Você também é fã do Fiat 147? Então não deixe de ler esta outra história: FIAT 147 CHEGA AOS 42 ANOS: “PASSIONE” À BRASILEIRA.

 

O trajeto da prova, com cerca de 300 km, começou e terminou em São Paulo, passando por Jundiaí, Itatiba, Piracaia, Atibaia, Nazaré Paulista e Mairiporã.

“O desempenho dele foi maravilhoso: o motor estava muito bem acertado, provavelmente mérito do Dilser. Respostas imediatas à menor pisada no acelerador, direção e freios extremamente comunicativos e uma estabilidade irrepreensível”, conta Bitu.

Para ele, o carrinho em nenhum momento transmitiu a sensação de fragilidade que muitos associam ao Fiat 147: “A sensação é a de que ele gostaria de encarar um desafio ainda maior!”.

“Inacreditável. Esse carro tem apenas 4 marchas, com motor 1050, 1.0 praticamente, e nós andávamos ao lado de carros com motor V8, com o triplo, quádruplo ou quíntuplo da cilindrada dele”, lembra Dilser.

Bitu confirma, e acrescenta: “Foi muito engraçado ver a cara de espanto de competidores a bordo de automóveis de elevado prestígio, com motores de seis ou oito cilindros e centenas de cavalos. Ninguém acreditava na capacidade do carrinho”.

Felipe Bitu, Ricardo Dilser e o Fiat 147

Bitu e Dilser, orgulhosos, com o Fiat 147 de 1978 que foi premiado na copa.

Dilser, acostumado às corridas de longa duração — ele é tricampeão de Endurance — nunca tinha participado de um rali de carros históricos e adorou a experiência. “Foi muito divertido poder conciliar o trabalho com uma paixão e a história de um carro antigo”, diz, com um tom de quem anuncia que pretende repetir a aventura. Bitu topou participar em 2019 para prestigiar a iniciativa do amigo Maurício Marx, que idealizou a Copa Paulista de Rallye Histórico de modo que a prova acomodasse automóveis clássicos, futuros clássicos, antigomobilistas veteranos e também aqueles que estão começando a participar do meio recentemente. “É incrível o interesse e admiração das crianças e adolescentes por modelos que há muito deixaram de ser produzidos”, completa Bitu.

A dupla provou que não se deve subestimar o Fiat 147: ele é eterno, assim como as músicas daqueles tempos idos de 1978, que nunca ficam velhas, apenas clássicas. Como canta Bruce Springsteen em Promised Land sobre dirigir em uma estrada cheia de curvas: “I got the radio on and I’m just killing time” (o rádio está ligado e só estou vendo o tempo passar).

“Um carro estático conta história. Um carro em movimento faz história”, resume Dilser.

Isso te lembra alguma coisa? “Rolling stones gather no moss” (pedras rolantes não criam musgo).

Ricardo Dilser, Felipe Bitu e Leonardo Azevedo

Aquela selfie para a posteridade: Dilser e Bitu na frente e Leonardo Azevedo, do canal Fora de Linha, no banco traseiro.

Leonardo Azevedo, do canal Fora de Linha, acompanhou Bitu e Dilser nessa jornada com cheiro de relíquia. Confira o vídeo em que o Fiat 147 supera qualquer expectativa:

 

Crédito das fotos e do vídeo: Leonardo Azevedo (Canal Fora de Linha).

 

Esta matéria pode ser encontrada no FCA Latam Stories, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva.

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