Livros são amuletos: conheça a Patuá, editora independente que coleciona prêmios e publica 200 autores nacionais por ano

Dani Rosolen - 21 nov 2022
Eduardo Lacerda e Pricila Gunutzmann, sócios da editora Patuá.
Dani Rosolen - 21 nov 2022
COMPARTILHE

“…onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais…” Com sua voz estonteante, Elis Regina gravou em 1972 “Casa no campo”, a canção de Zé Rodrix e Tavito que traduz em palavras a vontade de tanta gente de viver numa casinha junto à natureza. 

Em 2020, em meio à pandemia, o casal Eduardo Lacerda e Pricila Gunutzmann pôs em prática esse sonho e se mudou para um sítio em Santa Isabel, a 50 quilômetros de São Paulo. Mas eles não cortaram os vínculos com a maior metrópole do país, onde vivem de “plantar seus livros”. Edu, 40, e Pri, 42, são os sócios da editora Patuá e da livraria-bar-café Patuscada, localizados na Vila Madalena, na Zona Oeste da capital paulista.

Pequena se comparada a editoras de grande porte, como Companhia das Letras e Record, a Patuá tem 12 anos de história, números grandiosos – mais de 1 700 livros publicados – e uma penca de autores contemplados em prêmios de prestígio, como Jabuti, Oceanos, prêmios São Paulo de Literatura e Biblioteca Nacional.

(Antes de seguirmos, um disclaimer: a autora deste texto lançou dois livros pela Patuá: Incabível, volume de poemas publicado em 2019, e o infantil Morte e vida Leopoldina, lançado em outubro deste ano.) 

De Santa Isabel, onde criam galinhas, cuidam de plantinhas e vivem com seis gatos e dois cachorros, Edu e Pri conversaram com o Draft. No momento, além de cuidar dos próximos lançamentos da Patuá — que saem do forno em frequência quase semanal –, o casal de editores faz as malas para a vigésima edição da Flip: após dois anos de pandemia, a Festa Literária Internacional de Paraty retorna nesta semana ao seu formato presencial.

Para levar “bibliodiversidade” à Flip, a Patuá criou a Casa Gueto, que agrupará ainda outras 11 editoras independentes (Aboio, Editacuja, Feminas, Kotter, Moma, Mondru, Primata, Quase Oito, Reformatório, Rizoma e Urutau). Lá vão rolar palestras e lançamentos. O nome do espaço é uma homenagem a Rodrigo Novaes de Almeida, escritor e criador da revista gueto, falecido em abril deste ano.

MOTIVO DE INCONFORMISMO PARA EDU: O CURSO DE LETRAS DA USP NÃO TINHA UMA PUBLICAÇÃO LITERÁRIA…

Edu já escrevia poesia antes de entrar no curso de Letras da Universidade de São Paulo e era aquela pessoa que saía de sala em sala pedindo para as pessoas cederem poemas para colocar no mural da faculdade. Mas era só um mural… Ele conta:

“Achava um absurdo num curso de Letras da USP, que tinha de 4 mil a 5 mil pessoas, contando com alunos, professores e demais funcionários, não ter nenhum tipo de publicação. Então, comecei a correr atrás para criar uma”

Uma professora indicou que ele conversasse com o diretor, que garantiu o acesso à gráfica da faculdade para imprimir a primeira edição da revista de mil exemplares.

“Era tudo o que eu queria, então comecei de novo a sair de sala em sala pedindo poemas e entrevistas. Editamos o primeiro número em 2002, o segundo em 2004. No segundo número já tínhamos ideia de criar uma editora”, diz Edu. “Falo ‘a gente’ porque junto comigo nesta ideia estava a escritora Andréa Catrópa. Queríamos criar uma editora chamada Pindaíba, que teria o slogan: ‘Eles gastaram os últimos centavos para publicar os primeiros livros’.”

A ideia da editora não foi adiante porque, na época, não existia tecnologia para fazer tiragens sob demanda. Mas Edu seguiu em frente, editando, de forma independente, revistas, jornais e fanzines, além de organizar eventos literários pela cidade de São Paulo.

A TECNOLOGIA DE IMPRESSÃO DIGITAL TORNOU POSSÍVEL O SONHO DE UMA EDITORA SOB DEMANDA

Em 2005, Edu resolveu abandonar o curso de Letras, mas sem se desligar desse universo. Foi trabalhar na Casa das Rosas como assistente de produção cultural. Depois, passou pelo Programa São Paulo: Um Estado de Leitores.

“Até que em 2010, o marido da minha chefe falou que a editora Hedra tinha comprado uma gráfica e já estava começando a trabalhar com impressão digital”, afirma Edu. “Ele disse que assim eu conseguiria criar minha editora e imprimir livros a partir de 50 exemplares…”

Inspirado por esse exemplo, Edu começou a dar forma à Patuá:

“Fui tentar descobrir como montar uma empresa no país, toda a parte administrativa e burocrática, fiz um curso no Sebrae… e, em fevereiro de 2011, publicamos o primeiro livro!”

Naquele primeiro ano, a Patuá publicou, segundo Edu, “entre 12 e 15 títulos”. No segundo ano, foram 30; no terceiro, 50. Edu, lançou inclusive seu próprio livro de poemas, Outro dia de folia, que não está mais no catálogo da editora. O ritmo atual é de cerca de 200 títulos por ano, sempre com pequenas tiragens — em média, 100 exemplares.

A INDENIZAÇÃO PELA PERDA DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL AJUDOU A PÔR A EDITORA DE PÉ

O dinheiro para começar a editora renderia um capítulo à parte.

Edu conta que, quando começou a editar sua primeira revista, lá na USP, em 2001, comprou um e-mail pelo provedor Mandic e foi salvando lá tudo o que precisava até 2010.

Até que…

“Em abril ou maio daquele ano, perdi tudo que estava lá, porque a empresa teve um problema no servidor… Aí entrei com um processo no tribunal de pequenas causas, mas riram da minha cara e falaram que não iriam pagar nada”

A história poderia ter acabado ali, mas naquele ano, diz Edu, o dono da provedora de e-mail, Aleksandar Mandic (hoje já falecido), saiu candidato a deputado federal.

“Naquela época, eu tinha recém-criado o Twitter da Patuá. Aí, comecei a tuitar para não votarem nele. O Aleksandar então veio me chamar para conversar e me propôs pagar 4 mil dos 10 mil reais que eu estava pedindo de indenização.”

Esse valor respondeu por metade do investimento inicial da Patuá; Edu investiu mais 2 mil reais, e uma amiga (que ficou só um ano como sócia), outros 2 mil reais.

Edu explica o porquê do nome Patuá, um amuleto usado por muitas religiões:

“Meu pai é pai de santo da umbanda; eu gosto, acho lindo, mas não tenho muito comprometimento com religião. Sempre brinco que a minha forma de religião é a literatura, são os livros. A minha forma de me religar a alguma coisa próxima ao divino é a poesia”

Desde pequeno, ele escuta que “quem não pode com a mandinga não carrega um patuá”. A frase ficou na cabeça, deu nome à editora e inspirou seu slogan: “livros são amuletos”

ELA VEIO DA ÁREA ACADÊMICA, MAS TOPOU EMBARCAR NO MUNDO EDITORIAL E CRIOU DOIS SELOS PARA CHAMAR DE SEUS

Pri veio de uma área totalmente diferente. “Sempre gostei  de ler. Eu dizia que quando ficasse mais velha ia ter uma banca de jornal, olha quanto tempo faz isso! Mas fiz outro percurso.”

Ela começou a trabalhar aos 15. “Fui recepcionista, telefonista, cuidei do mailing de uma editora de informática.” Ao entrar na faculdade, escolheu o curso Psicologia e se especializou na área de Recursos Humanos.

Depois, enveredou para a academia. Fez mestrado e doutorado e ficou 13 anos em sala de aula no Ensino Superior. Foi nesta época em que dava aulas, em 2016, que conheceu o Edu.

“Eu estava fazendo doutorado na PUC e um amigo me indicou o perfil do Edu no Facebook, porque achou que seria legal que eu o acompanhasse já que estudei saraus nas periferias, no programa de psicologia social. Achei o Edu incrível, mas na época ele estava namorando…”

Demorou um tempinho, o Edu se separou, os dois se conheceram pessoalmente (“até hoje, ele diz que eu estava stalkeando o perfil dele”, brinca Pri) e, alguns encontros depois, engataram um namoro. A festa de casamento, em 2017, foi realizada no bar-livraria Patuscada. Em 2019, Pri saiu da instituição de ensino em que lecionava para trabalhar junto com o marido na Patuá.

Além de lançamentos de livros, a Patuá realiza em seu espaço, a Patuscada, palestras, clubes de leitura e oficinas.

Inquieta, em 2020 ela resolveu juntar um pouco de tudo o que sabe fazer e, além de atuar na editora, continuou dando aulas (online, por conta da pandemia) e atendendo pontualmente alguns pacientes em casos específicos de transição de carreira.

Pri não só passou a ajudar o Edu na Patuá (ele diz que com a chegada dela tudo ficou mais organizado e as vendas aumentaram), como criou dois selos próprios. “O Edu sempre me falava ‘cria um selo para chamar de seu’. Comecei com a Gataria e acabei focando mais na Amavisse, que surgiu depois.”

Ela explica a diferença entre os dois selos:

“A Gataria tem essa pegada mais de literatura e o objetivo é se inclinar para as histórias infantis. E a Amavisse é focada em publicações acadêmicas, que para mim tem um conforto muito maior para fazer a edição porque eu vivi isso”

Pri, no entanto, conta que tem conseguido produzir menos do que gostaria à frente das duas marcas…

“Na Amavisse, até pelos textos serem mais extensos, o processo de edição é mais demorado mesmo…”, diz Pri. “Não dá para fazer tudo, estamos tentando segurar um pouco, porque a gente já tem muita coisa para administrar, desde a curadoria dos livros até a parte administrativa, a questão de editais etc.”

Para se ter uma ideia, só a Patuá recebe 300 originais por mês. Dar conta de tudo é uma trabalheira.

O DESAFIO DO MODELO DE NEGÓCIO: “É PRECISO ENTENDER QUE O LIVRO É UM TRABALHO DE LONGO PRAZO”

Quando montou a editora, Edu tinha alguns objetivos principais. “O primeiro era publicar gratuitamente autores e autoras do Brasil todo — queria sair do eixo Rio-São Paulo — e na mesma proporção de homens e mulheres.”

Mas como publicar gratuitamente os autores e ainda assim ter lucro? A primeira publicação do livro é sempre com tiragens pequenas.

Ele explica que tenta manter um equilíbrio entre a obra que consegue vender pelo menos um pouco e a que não vende nada, mantendo uma linha de corte de vendas de 60 unidades para ter um retorno com o livro ou pelo menos pagar os custos de produção.

“Na época em que foi fundada, a Patuá era uma das únicas editoras, se não a única, com esse modelo de negócio — mas em 2011 eu nem sabia o que era modelo de negócio. Descobri depois que estava inaugurando algo novo”

O editor detalha melhor como isso funciona, afinal nem todos os títulos venderão 60 exemplares:

“Em fevereiro de 2011, fiz 200 exemplares do livro de estreia da Patuá, também o livro de estreia da autora. Ela vendeu 30. Quando voltei para casa, pensei: poxa, a editora vai falir no primeiro lançamento. Isso se você pensa que o livro é algo imediato.”

No segundo lançamento, ele conta que a autora vendeu 90 exemplares e acabou cobrindo o lançamento dela, o anterior e deu uma margem de respiro para a editora. “Aí a gente foi vendo que cada autor é uma história diferente”, diz.

Segundo Edu, o livro da primeira autora vendeu pouco no lançamento, mas ao longo desses anos continuou saindo; já a autora do segundo livro vendeu bem na festa, mas depois as vendas caíram bastante, e “está tudo bem”.

“Aí, fomos entendendo que o livro é um trabalho a longo prazo, não adianta se desesperar, ficar com medo… Tem que continuar publicando para que isso se pague com o tempo”  

Pri complementa: “É um modelo de negócio no risco, mas para a gente já é uma política não cobrar para publicar, então não nos vemos fazendo de outro jeito.”

Para quem está interessado em mandar um original, a editora está sempre com chamada aberta para o recebimento de novos autores.

OS PRÊMIOS TRAZEM RECONHECIMENTO E ALAVANCAM AS VENDAS (ALÉM DO VOLUME DE TEXTOS ORIGINAIS)

Apesar dos riscos, o modelo funciona, segundo o casal de sócios. O faturamento anual gira em torno de 400 mil reais.

“Essa não é uma base muito certa, mas está nessa faixa porque nos últimos anos tivemos vendas realizadas para prefeitura e para governo federal”, diz Edu.

Quando um autor da Patuá ganha um prêmio, por exemplo, é comum que as vendas da editora aumentem. “Além de aquele título vender mais, a editora ganha  notoriedade e outros livros passam a sair também. O reconhecimento faz com que a gente receba muitos mais originais — e ainda ajuda a gente nas vendas para o governo.”

É algo que vale a pena, mas dá trabalho – e, às vezes, pode ser frustrante. “Ontem [25 de outubro] saiu o resultado do Jabuti e nenhum autor da Patuá ficou finalista. A gente até brincou de pedir um VAR para o Jabuti ou questionar o resultado das urnas, aí um amigo falou que a gente precisava de um Jabuti impresso e auditável…”

Deixando a brincadeira de lado, Edu explica a sua crítica às premiações:

“Na verdade, o que a gente questiona é que os júris só veem mérito nessas editoras grandes, que têm excelentes livros sim, mas se o mesmo livro que saiu pela Patuá tivesse sido publicado pela Companhia das Letras, com certeza o retorno nos prêmios seria diferente…”

A afirmação pode sugerir que a Patuá sempre fica de fora das premiações, o que está longe de ser verdade. Agora mesmo, no começo de novembro, o livro Contos de vista, Pontos de queda, de Marina Monteiro, levou o Prêmio Minuano de Literatura, na categoria contos.

Alguns dos títulos da Patuá premiados ou indicados a prêmios.

Também neste mês, Quem tá vivo levanta a mão, de Maria Fernanda Elias Maglio, foi indicado entre os finalistas do Oceanos (o resultado será conhecido em 9 de dezembro). Em 2018, a autora da Patuá ganhou o Jabuti de contos com seu livro de estreia Enfim, imperatriz. Em 2020, ela foi primeiro lugar no Prêmio Biblioteca Nacional com o de poemas 179. Resistência.

Em setembro, a Patuá ainda levou dois prêmios no Candango de Literatura, com o livro de poemas O sono dos humildes, de Alexei Bueno, e o romance Etelvina, de Marcílio Godoi.

Outro destaque é O funeral da baleia, de Lilian Sais, que ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura como melhor romance de estreia de 2021. No ano anterior, na mesma categoria também levou uma autora da Patuá, Morgana Kretzmann, com Ao pó.

SE NÃO DÁ PARA VENDER NAS LIVRARIAS, O JEITO É TER O PRÓPRIO ESPAÇO DE VENDAS

Além da editora, o casal administra a livraria-bar-café Patuscada, criada em 2015 por meio de uma campanha de financiamento coletivo. O espaço abre de terça a sexta-feira, das 10h às 22h, e aos sábados, das 17h às 22h.

Por trabalhar com tiragens menores, não pedir apoio dos autores e entender que existirão escritores que venderão 3 exemplares enquanto outros conseguirão comercializar 200, Edu sabia desde o começo que teria dificuldade para inserir os livros da Patuá em livrarias. Por isso, decidiu criar seu próprio espaço para vender e realizar os lançamentos.

“Importante ressaltar que a gente ama as livrarias e queria que o Brasil tivesse muito mais delas espalhadas por aí… Elas também sofrem para sobreviver, principalmente as menores… mas a maior parte delas quer trabalhar com descontos de 50% a 60% no preço de capa, e esse valor é muito alto para a gente”

Segundo Edu, hoje um livro da Patuá vendido a 45 reais na Patuscada teria que custar entre 60 e 70 reais em uma livraria, para quando pagassem a ele os 50% destinados à editora, a cifra compensasse todos os custos. “E como a gente não quer deixar esse preço de capa muito alto, porque afugenta o leitor, evitamos trabalhar dessa forma.”

Nos dias de evento, Edu e Pri também se revezam atrás do balcão do bar da Patuscada.

Mesmo assim, nos últimos anos a Patuá conseguiu colocar em algumas livrarias de rua seus títulos que tiveram tiragens maiores porque foram apostas da editora e/ou ganharam prêmios ou editais.

Hoje, além dos lançamentos, a Patuscada recebe a festa de autores de outras editoras; vira e mexe rolam ali saraus, cursos, clubes de leitura (aliás, a Patuá tem um clube assinatura mensal), oficinas etc. O espaço também serve de estoque e de local para embalar os livros.

Apesar de contar com cinco funcionários mais cinco frilas, toda essas “mil e uma funções” assumidas pelo casal fazem com que a dupla se desloque pelo menos três vezes por semana de Santa Isabel para São Paulo.

HOJE, O CASAL AJUDA OUTRAS PESSOAS A LANÇAREM SUAS PRÓPRIAS PEQUENAS EDITORAS

Edu admite que, ao fundar a Patuá, não sabia nada sobre como administrar um negócio.

Apesar de ter feito um curso do Sebrae, as aulas eram focadas em pequenas empresas e não especificamente em editoras. Segundo o editor:

“Fui aprendendo tudo meio na raça. Se em 2011, eu tivesse o conhecimento que tenho agora, estaríamos publicando mil livros por ano, se quiséssemos”

Justamente por ter quebrado a cabeça no começo do negócio, ele diz que sempre teve o sonho de compartilhar o conhecimento adquirido ao longo dos anos. E passou a fazer isso de maneira informal, em jantares com amigos.

“Um dia o amigo Claudinei Vieira foi comer uma pizza com a gente, ele e a Ingrid, a companheira dele. Ele falou que queriam casar, mas que estava sem trabalho na época. Aí sugeri: monta uma editora! Ele falou: ‘como assim, não tenho noção nenhuma do assunto’. Expliquei que ele amava livros, tinha noção de literatura, a parte técnica eu ajudava.”

O dono da Patuá começou a explicar ao amigo como criar um MEI, tirar ISBN, passou detalhes sobre programas de diagramação e edição, dicas de gráfica … E com esse empurrão, Claudinei fundou a Desconcertos Editora.

O mesmo aconteceu com Nathan Matos, da editora Moinhos. “Ele sempre diz que fui o padrinho dele, porque um dia a gente estava conversando, na época, ele tinha uma revista literária, e eu falei para ele montar uma editora que ele seria um puta editor. E foi isso que ele fez.”

Edu chegou a comprar um software de código aberto, que funcionaria como uma espécie de Wikipédia na qual as editoras dariam dicas sobre o processo de edição, recomendações de bibliotecas, livrarias, editais etc. Mas o programador acabou dando um calote e a ideia foi para a gaveta.

Em 2020, já durante a pandemia, o casal estruturou um curso online (ao vivo), aproveitando a experiência de Edu e a visão acadêmica de Pri. Fecharam uma primeira turma e inauguraram uma aceleradora de editoras independentes, a Public Inc..

Hoje, o curso está em sua terceira turma, iniciada em outubro. São 11 encontros (34 horas) que abordam pontos como o passado e o futuro do mercado editorial, tipos de editoras, conceitos básicos (registro de ISBN, contrato, direitos autorais, contrato social da editora, depósito legal, ficha catalográfica), projeto editorial, como viabilizar um livro, edição de texto etc.

“Já estamos com dez editoras que foram surgindo a partir dessas conversas com a gente, seja no curso ou não, entre elas Abarca editorial, Alma Revolucionária, HortelãRizoma“, diz Edu. “Óbvio que o mérito de montar a editora é da pessoa, o que a gente faz é só dar alguns meios. Na Patuá, precisamos ‘trocar o pneu com o carro andando’; queremos que, com o que a gente ensina, eles possam fazer isso antes.”

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Editora Patuá
  • O que faz: Publica livros de autores nacionais com tiragens menores
  • Sócio(s): Eduardo Lacerda e Pricila Gunutzmann
  • Funcionários: 5 fixos e 5 freelancers
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2011
  • Investimento inicial: R$ 8 mil
  • Faturamento: em torno de R$ 400 mil por ano
  • Contato: editorapatua@gmail.com
COMPARTILHE

Confira Também: