O destino dos resíduos é um enorme desafio para o Brasil. Segundo o Panorama 2023 da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), estima-se que 77,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos foram geradas no país em 2022. Desse total, 61% do lixo foi encaminhado para aterros sanitários. Se aumentarmos a lente e olharmos para a coleta seletiva, que poderia contribuir significativamente para a destinação correta dos resíduos, os dados também são desanimadores. Segundo informações do Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do SNIS, apenas 32,2% dos municípios contam com o serviço, que alcança 14,7% dos habitantes.
Para mudar esse cenário, dando o exemplo, empresas têm se movimentado e provado que é possível não somente manter os resíduos fora dos aterros, mas impulsionar o menor desperdício na produção e no consumo. A Ardagh Metal Packaging do Brasil é uma delas, com suas três unidades – Jacareí (SP), Alagoinhas (BA) e Manaus (AM) – consideradas aterro zero.
A estratégia da companhia é gerar cada vez menos resíduos no processo industrial e em outras atividades, dando um destino responsável ao que for inevitável. A meta global do grupo é zerar o envio de resíduos para aterros em todas as suas fábricas até 2025.
“Nossa jornada para ser zero aterro no Brasil começou há quatro anos, com a estratégia de Meio Ambiente e Sustentabilidade. A mudança exigiu, além de avaliações técnicas e auditorias com nosso parceiro gerenciador de resíduos, treinamento dos colaboradores, avaliação de impacto financeiro das novas tecnologias não aterro, com maior investimento, e validação periódica da destinação a partir dos dados oficiais no sistema do Governo a auditorias in loco”, lista Elisangela Matos, diretora de sustentabilidade da Ardagh Brasil.
Atualmente, a empresa possui um sistema informatizado de dados do processo que permite monitorar, a qualquer momento, a destinação dos materiais e dados relevantes. Tudo é rastreado pelo Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), controlado pelos órgãos ambientais, que comprova que a Ardagh é aterro zero, contribuindo para a economia circular de diversos tipos de resíduos.
Tudo é aproveitado
São diversos os tipos de resíduos gerados pelas unidades da Ardagh, tanto resultantes de atividades humanas quanto industriais, como óleo lubrificante, borra de verniz, papel, papelão, madeira e plástico. E absolutamente tudo ganha uma destinação adequada.
“Auditamos e validamos cada material de descarte não aterro com nosso parceiro gerenciador de resíduos, a GRI – Gerenciamento de Resíduos Industriais”, conta Elisangela. Atualmente, a empresa terceira é responsável pela coleta e envio a diversos parceiros nas localidades de atuação da Ardagh.
Os destinos finais dos resíduos são diversos: as borras de verniz viram tintas e solventes; o lixo comum, o material contaminado e o entulho vão para a produção de cimento; os orgânicos são transformados em fertilizantes de solo; madeira, plástico e papel ganham novos usos a partir da reciclagem; todos os efluentes são tratados na empresa; e por aí vai.
Elisangela destaca a tecnologia de coprocessamento, que utiliza alguns dos resíduos enviados pela Ardagh como combustível alternativo em fornos de cimenteiras, substituindo parcial ou totalmente os combustíveis fósseis, como o carvão. “O coprocessamento oferece uma solução viável ao proporcionar uma destinação responsável aos resíduos ao mesmo tempo em que contribui para a mitigação das emissões de CO2”, aponta.
Para se ter uma ideia da importância da prática do aterro zero, somando as três fábricas da Ardagh, estão sendo reciclados anualmente 4,2 mil toneladas de resíduos operacionais gerados nos locais.
Além disso, a Ardagh desenvolve práticas de upcycling, em linha com sua estratégia de gestão de resíduos dos 5Rs (Reduzir, Repensar, Recusar, Reutilizar e Reciclar), transformando itens que iriam para o lixo em produtos que agregam valor. Os uniformes que não têm mais condições de uso, por exemplo, são transformados em ecobags ou necessaires.
Para a Ardagh, a economia circular é parte da estratégia do negócio. A empresa está comprometida com a criação da economia circular baseada em seus produtos e processos, trabalhando diariamente para melhoria contínua e eficiência nos processos, eliminando desperdícios. As latinhas, que são infinitamente recicláveis e podem voltar às prateleiras em apenas 60 dias, são o modelo clássico de que a economia circular é viável.
Ardagh no World Cleanup Day
O Dia Mundial da Limpeza, 19 de setembro, é um evento global de conscientização da importância da limpeza do meio ambiente, com ações coletivas no combate aos resíduos sólidos. Desde 2021, a Ardagh Brasil se junta a esse movimento com mais 150 países.
“Nos organizamos em cada uma de nossas localidades de atuação com um grupo de voluntários para realizar a limpeza de ruas, bairros e/ou praças escolhidas previamente. Além dos voluntários Ardagh, engajamos a comunidade local, ONGs e órgãos públicos para participarem conosco”, conta Elisangela.
Em 2023, em Alagoinhas (BA), a ação envolveu a limpeza dos arredores da planta da Ardagh com parcerias com indústrias e empresas locais, além da Cooperativa Coral e as gerenciadoras de resíduos GRI. “Ao todo, 90 voluntários das empresas envolvidas e terceiros participaram do evento que coletou 1.500 kg de resíduos”, contabiliza Elisangela.
Já em Jacareí (SP), foi feita a organização e revitalização da Biblioteca da Associação Fênix e limpeza nos arredores do Bairro Rio Comprido com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente. A ação reuniu 40 voluntários e coletou 4.470 kg de resíduos.
Em Manaus (AM), a Ardagh se juntou ao 4º Mutirão de Limpeza “Remada Ambiental”, uma ativação promovida pela Sprite, Blue Keepers e Pacto Global da ONU no Brasil, para a limpeza da Bacia do Tarumã. Foram 19 voluntários da Ardagh envolvidos na ação que removeu 3.000 kg de resíduos.
“Ao todo, com as ações de 2023, foi possível retirar em torno de 9 toneladas de resíduos do meio ambiente, além de atuar com outras ações sociais com as comunidades. Essa é uma agenda importante, fortalecendo nosso compromisso com o desperdício zero, com a conscientização ambiental e atitudes sustentáveis dentro e fora da empresa”, reforça Elisangela.
Em vez de rios canalizados que transbordam a cada enchente, por que não parques alagáveis? Saiba como José Bueno e Luiz de Campos Jr., do projeto Rios e Ruas, querem despertar a consciência ambiental e uma nova visão de cidade.
Jéssica Cardoso sofreu preconceito ao oferecer seu trabalho de intérprete de Libras como autônoma. Ela então decidiu criar uma rede de profissionais negras para tornar eventos e empresas mais acessíveis e lutar contra o racismo estrutural.
Descartar peças de roupa bem antes do recomendado – e substituir por novas – impacta o meio ambiente de maneiras que você talvez desconheça. Entenda o que a Electrolux está fazendo para que as roupas não tenham prazo de validade.
