ESG é o assunto da década. Só se fala sobre o tema, principalmente nas empresas, que, cada vez mais, se esforçam para passar a imagem de que estão preocupadas com boas práticas. Porém, será que realmente estão? Digo isso porque ESG é constância e não adianta só investir em ações sociais e ambientais. É preciso ficar atento ao G, de Governança.
E não apenas pelo fato de o G estar contemplado em ESG, mas porque a Governança se refere à forma como uma empresa é dirigida e controlada. É ela que irá definir os direitos e responsabilidades, a estruturação de processos de decisão, e a implementação de mecanismos de controle interno, sempre com base na ética, transparência, segurança e, também, na geração de resultados.
É interessante observar que algumas empresas já estão entendendo esta importância e que há uma previsão de crescimento do mercado mundial de Governança, Riscos e Compliance. Segundo a pesquisa “O Mercado Global de Governança, Riscos e Compliance até 2025”, realizada pela Bravo Research, o mercado mundial do segmento deve apresentar um crescimento médio anual de 13% até 2025. A projeção é de que a demanda global por soluções e serviços voltados a esse setor represente um mercado de U$60,8 bilhões no mesmo período.
Porém, o tema ainda é desconhecido ou ignorado por muitas empresas. Segundo uma pesquisa recente da ManpowerGroup, a Governança Corporativa é o pilar menos valorizado do ESG, com apenas 14% dos entrevistados no Brasil concentrando as suas atividades no setor. Ou seja, apesar de estarmos indo por um bom caminho, ainda precisamos debater, exaltar e divulgar a importância da Governança, para o bem das próprias companhias e para um mercado mais ético e sustentável como um todo.
Eu costumo dizer que não existe ESG sem Governança, pois para desenvolver qualquer prática ambiental e social dentro de uma empresa é preciso que haja um planejamento e uma estratégia. É preciso entender quais são os pontos fortes e os pontos fracos da empresa, onde a companhia quer chegar, quais os riscos está exposta.. Inclusive, é nesse ponto que entra a Gestão de Riscos, um dos mais relevantes e importantes pilares de uma Governança estruturada e robusta.
Visando a entrega de cenários de performance ajustados por riscos, a Gestão de Riscos trabalha em diversas frentes, tais como questões de integridade, ambientais e sociais, de continuidade e de cibersegurança. Enquanto a Governança ajuda a melhorar a confiança dos investidores, a eficiência operacional e a sustentabilidade a longo prazo, a Gestão de Riscos é o processo que identifica, avalia e controla as ameaças à organização, minimizando perdas, melhorando a resiliência e apoiando o crescimento sustentável, além de potencializar as oportunidades e promover performance com princípios.
Dito isso, fica mais fácil entender por que a Governança é tão importante para todas as empresas, independentemente do tamanho. É por meio dela que as marcas conseguem evitar os principais riscos e a má administração, fazendo com que haja uma maior longevidade da companhia e a ajudando a crescer de forma sustentável e ética.
Vale destacar também que uma Governança séria e robusta evita condutas de potencial washing, que são diversos: greenwashing (divulgação falsa sobre sustentabilidade), pinkwashing (falso posicionamento sobre a diversidade) e muito outros tipos, que podem, inclusive, prejudicar a imagem e reputação de uma empresa. Não custa lembrar que, nos dias de hoje, com toda a tecnologia que temos à nossa disposição, é fácil descobrir se há realmente o desenvolvimento de práticas ESG. E a Governança é o lugar em que tudo se equilibra.
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Claudinei Elias é CEO e Fundador da Bravo GRC, com experiência em GRC (Governança, Riscos e Compliance), ESG e ERM (Gestão de Riscos Corporativos). Possui formação em alta gestão para liderança na Yale School of Management e Pós-MBA em Tecnologia e Liderança pela Saint Paul Escola de Negócios, além de certificações especializadas em Harvard, Cambridge, AIRM, Babson College, University of Glasgow, Saint Paul/IBM e Programa SEER.
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