Reciclagem é o processo de reutilizar recursos que seriam descartados para gerar novos materiais, objetos e até mesmo energia.
Alguns dos principais benefícios de evitar o mero descarte de materiais são: economizar recursos, diminuir o consumo de matérias-primas virgens e reduzir a poluição do ar, do solo e de lençóis freáticos – causados pela incineração ou pelo acúmulo de lixo a céu aberto.
Os tipos mais comuns e cotidianos de reciclagem – que já são contemplados pela coleta seletiva de lixo em várias localidades – envolvem o reprocessamento de materiais como papel, plástico, alumínio e outros metais, vidro etc.
Há também a possibilidade de aproveitar recursos que seriam descartados para obter energia termoelétrica, gerando redução de custos com energia e diminuição de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Funciona mais ou menos assim: resíduos que já não podem ser reciclados de maneira convencional – incluindo até restos de alimentos – podem ser queimados para gerar energia térmica, substituindo outros tipos de combustíveis fósseis que seriam utilizados para o mesmo fim.
O calor gerado por essa combustão é usado em uma caldeira para gerar vapor que movimenta turbinas de geração de energia elétrica. Os gases resultantes da queima são processados para não voltarem à atmosfera, sendo os únicos resíduos vapor e monóxido de carbono em pequenas quantidades.
Uma outra vantagem da reciclagem energética é que, ao se utilizar de resíduos plásticos, por exemplo, o potencial de geração de energia é mais eficiente do que com o uso de madeira, carvão e derivados de petróleo.
Por fim, a reciclagem energética é uma ótima ferramenta na gestão de resíduos sólidos, uma vez que elimina uma quantidade significativa de lixo e dos custos envolvidos em logística para transportá-lo, armazená-lo e descartá-lo.
Filosoficamente, há quem atribua a ideia de reciclagem ao pensador grego Platão, que, nos idos do século 4 antes de Cristo, propôs a ideia de que a existência é construída por uma sucessão de ciclos.
Na prática, contudo, os registros mais antigos de reciclagem, ainda na Antiguidade, são o de reuso de pedaços de cerâmica, de cinzas (para fazer tijolos) e de ossos para construir utensílios e ferramentas.
Mais adiante, aparece também a prática de reutilizar metais, coletando pequenas quantidades de ferramentas, vestimentas ou outros objetos e derretendo-os para novos usos.
O primeiro registro de reciclagem de papel é do ano 1031, no Japão.
Reciclabilidade, como já explicamos aqui neste Glossário, é a capacidade que um material ou produto tem de ser reciclado.
Embora haja diversos resíduos recicláveis, nem sempre eles têm reciclabilidade. Isso ocorre quando a reciclagem é cara, quando a coleta é difícil e/ou custosa, se as tecnologias disponíveis não permitem o reaproveitamento dos materiais em larga escala etc.
Por vezes, inclusive, a reciclagem sai mais cara do que produzir com matéria-prima virgem e até impacta o meio ambiente em maiores proporções.
Ou seja, itens considerados sem reciclabilidade são aqueles que não trazem benefícios financeiros ou socioambientais nem para empresas nem para a coletividade.
É importante ressaltar, portanto, que a reciclabilidade não se trata somente do potencial de um objeto de passar por um processo de reciclagem, mas da viabilidade de ele vir, de fato, a ser reciclado.
Também já explicamos aqui no Glossário: em tradução livre, upcycling seria algo como “reciclagem para cima”, ou seja, uma reciclagem que aproveita materiais e resíduos para a construção de um novo produto com valor igual ou maior do que o dos itens que os originou.
O conceito é oposto ao downcycling – ou à reciclagem convencional –, em que o produto resultante do reaproveitamento tem menos valor do que os itens reaproveitados. Um exemplo cotidiano de downcycling é o reprocessamento de metais, vidro, plástico, tecido etc., obtidos a partir de objetos industrializados, para gerar matéria-prima.
O upcycling não é exatamente uma novidade, mas está na moda, coincidentemente, por causa da indústria da moda. Como contraponto à cultura do fast fashion – com produtos descartados cada vez mais rapidamente, gerando resíduos em larga escala –, algumas marcas e fabricantes estão reaproveitando peças descartadas para criar novos produtos com valor maior do que os originais.
Em tese, a ideia de melhorar a qualidade dos produtos reciclados em comparação aos materiais que deram origem a ele é ótima para a economia circular e para o meio ambiente, claro.
Na prática, contudo, transformar materiais demanda energia e outros recursos. Por isso, algumas questões precisam ser consideradas para avaliar se o upcycle realmente vale a pena do ponto de vista econômico e socioambiental.
A principal delas é a seguinte:
Quanta energia, água e outros recursos são necessários para restaurar um material recuperado ou para transformá-lo em outro produto?
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.
Como uma marca de bolsas e acessórios pode impulsionar a economia da floresta e o comércio justo? A carioca Bossapack contrata indígenas da Amazônia para pintar e impermeabilizar com látex o tecido de suas mochilas e pochetes.
Visão holística, uso combinado de tecnologias e ética nos negócios: em entrevista exclusiva ao Draft, a holandesa Marga Hoek, fundadora e CEO do think tank Business For Good, crava a receita para viabilizar o futuro e salvar o planeta.