Alguns anos atrás, eu vivia uma vida medíocre. Saí de um cenário de ex-criminoso, ex-presidiário, e me tornei um empresário de sucesso.
Minha história tinha tudo para dar errado. Sou filho de traficante e, dos 3 aos 5 anos de idade, visitava meu pai no presídio.
Minha mãe e eu éramos prisioneiros dentro da nossa própria casa. Sofríamos agressões físicas e psicológicas.
Aos 7 anos, lembro como fosse hoje, meu pai chegou em casa drogado, chutou a porta do nosso quarto e nos tirou da cama à força. Deu um soco na minha mãe e, em seguida, apontou a arma para o rosto dela e disparou
Ela tentou se defender, mas a bala ultrapassou sua mão e a atingiu. No momento, fiquei em pânico, travado.
Em seguida, ele me pegou no colo, me olhou nos olhos, apontou a arma para baixo do queixo dele e atirou.
Aquele dia, foi o fim para ele e um recomeço para mim. Fui acolhido pelos meus avós maternos.
Meu avô se tornou a minha figura paterna. Ao mesmo tempo, era meu pai, mentor e irmão mais velho.
Mas, quando eu tinha 10 anos, ele faleceu. Aos 15, me lancei no mundo e fui de encontro ao sonho de ser empresário, como meu avô, que era um empreendedor rural.
Sonhava em ter uma empresa e liderar pessoas, mas a realidade que vivia estava muito distante…
Me envolvi com pessoas erradas, fiquei deslumbrado com tudo que vi, pois não tinha isso na casa dos meus avós – status, garotas, joias, relógios, moto e carros
Comecei a cometer crimes e, em um ano, já estava liderando as ações criminosas do grupo.
Em uma briga entre traficantes e assaltantes, fui baleado nas costas. A bala quebrou duas costelas, atravessou o pulmão e se alojou na espinha.
Vivi uma experiência de quase morte. O tempo passou, me recuperei e voltei mais revoltado com a vida.
Com 18 anos, em um assalto a um supermercado, trocamos tiros com a polícia, capotamos o carro na fuga e fomos presos.
Fui condenado à pena de dez anos. Na prisão, pensei muito sobre a minha situação, por ter que ficar preso mais da metade do tempo que vivi
Comecei a me culpar e a buscar razões para culpar alguém. Enfim, vesti totalmente o papel de vítima.
Depois de um tempo, percebi que não adiantava culpar o mundo e já que tinha um longo período de permanência naquele ambiente hostil, precisava fazer algo de positivo para mim.
Como não conseguia me encaixar em alguns grupos, passei a praticar exercícios físicos dentro da cadeia.
Com o tempo, fui me acalmando, amenizando toda revolta no meu coração e colocando minha cabeça no lugar.
Comecei também a ler e a entender que meu corpo aprisionado era inevitável, mas minha mente não
Me imaginava nas histórias dos livros, criava personagens e entendia o poder que minha mente tinha.
Imaginava que se eu pudesse criar um personagem de mim mesmo fora daquele ambiente, eu conseguiria superar tudo.
Passei a ler bibliografias, livros de desenvolvimento humano e empreendedorismo, obras de pessoas que tiveram sucesso na vida – sempre me colocando na história
Então, o sonho de criança, de ser empreendedor, voltou a rondar minha cabeça e comecei a moldar aquela pessoa que desejava ser.
Quando completei cerca de sete anos preso, passei por uma ocasião que já tinha vivido dezenas de vezes, uma blitz do Batalhão de Choque, às 5 horas da manhã. Mas aquele dia foi diferente, fiquei abalado.
Foi uma ação com direito a bombas de gás, tiros de borracha, gás de pimenta, cachorros latindo. Um verdadeiro inferno. Tomei dois tiros de borracha e algumas cacetadas
Ao chegar ao final do corredor, onde ficamos após sermos retirados das celas, percebi que estava numa situação emocional péssima.
Dessa vez, me desestruturei. Tremia muito e emocionalmente estava no meu limite, parecia que ia explodir.
Naquele momento, tomei uma única decisão, que mudaria toda a minha vida. Jurei para mim que não iria mais repetir os padrões do meu pai e mudaria meu rumo, gerando valor para a vida das pessoas.
Em 21 de abril de 2014, conquistei a liberdade.
Foi muito difícil no começo. Escutava das pessoas que era um excluído da sociedade, que melhor seria voltar a roubar, que passaria necessidade, fome etc.
Não desanimei e segui em frente. Vendi uma casa — herança dos meus pais — e com o dinheiro comecei minha trajetória empreendedora.
A partir da ideia de um mentor, resolvi investir em transporte terrestre, comprando meu primeiro caminhão.
Contratei uma pessoa para trabalhar comigo e assim nasceu aquele sonho de infância, a Bianchini Transportadora.
Resumindo, poucos anos depois, minha empresa tinha dezenas de colaboradores. Me tornei quem eu queria, um empresário bem-sucedido, um super-herói para meus filhos e construí, com a minha parceira, um relacionamento incrível. Enfim, me sentia uma pessoa de valor.
Depois de um tempo, ainda tinha vergonha do meu passado e algo me incomodava. Precisava encontrar uma forma de honrar a minha história, mas não sabia como.
Estava rico, porém triste. Todas as outras áreas da minha vida estavam preenchidas.
Ficou claro para mim que o conhecimento, as habilidades e a competência que adquiri com as minhas vivências tinham me trazido até aquele cenário
E, se quisesse algo a mais, precisaria buscar mais, aprender coisas novas e construir meu propósito.
Descobri, então, o que queria fazer para o resto da minha vida: ajudar outras pessoas.
Comecei a estudar muito. Com certificações nacionais e oito internacionais, me formei em programação neurolinguística avançada, hipnoterapia, análise de perfil comportamental, coach e treinamento de inteligência emocional.
Vendi a transportadora, criei o Instituto Bianchini, uma empresa na área de desenvolvimento humano, com atendimentos de hipnoterapia, coach, e treinamentos.
Depois, ainda fundei uma empresa com treinamentos de inteligência emocional e comportamental, e mentorias para profissionais e empreendedores em transição de carreira
Este ano, fundei minha terceira empresa, a Tração Empresarial, que oferece aulas online (ao vivo) de mentoria, divididas em quatro módulos.
A cada semana, o aluno tem acesso a uma aula, com opções de até dez aulas complementares no total. Mas, já estou trabalhando na criação dos módulos gravados.
Entre 10 e 11 de junho deste ano, organizei o Primeiro Congresso Internacional Plano Perfeito, em Orlando, na Flórida.
A ideia do evento nasceu da vontade de me tornar palestrante internacional e mandar minha mensagem para além das fronteiras do Brasil.
Como não encontrei uma forma já existente de fazer isso, decidi criar o congresso, por entender que esse também poderia ser o desejo de outras pessoas com histórias inspiradoras.
O objetivo é alavancar a carreira dos participantes e dar autoridade e oportunidade de impulsionar seus negócios, certificando os palestrantes internacionalmente
O evento tinha como foco as áreas de desenvolvimento humano, empreendedorismo e negócios. Os temas apresentados foram direcionados em como fazer investimentos mais rentáveis, alcançar a estabilidade emocional, tracionar negócios para gerar resultados, aumentar a produtividade das empresas, criar empresas no exterior e internacionalizar marcas.
O congresso presencial e online, transmitido para mais de 150 países, teve a cobertura e acompanhamento das principais mídias e rádios do estado da Flórida.
E contou com a participação de 25 palestrantes, tanto do Brasil quanto brasileiros que moram nos Estados Unidos, além de um palestrante angolano.
Toda verba arrecadada com a venda dos ingressos presencial foi destinada à Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), organização privada sem fins lucrativos presente em mais de 130 países.
Meu projeto é que o Plano Perfeito esteja nos cinco continentes. As próximas duas edições do congresso já estão confirmadas para outubro, em Portugal, e janeiro do ano que vem, em Miami
No meio de tudo isso, também me tornei co-autor de três livros e, agora, no segundo semestre, lançarei meu primeiro livro solo, junto a maior editora de best sellers do Brasil, a Editora Gente.
Atualmente minha equipe (digital, financeira, assessoria e contábil) é toda formada por empresas terceirizadas contratadas.
Afinal, faço questão de apoiar outras pessoas que como eu decidiram empreender.
Marcelo Bianchini é empresário, treinador comportamental, palestrante internacional, escritor e mentor de empreendedores.
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