Uma turnê de banda internacional pode custar milhões – não só de dólares como também de de emissões de CO2 na atmosfera. A começar pela simples viagem de avião dos músicos e equipamentos até aqui. Os integrantes do quarteto britânico ColdPlay passaram os últimos dois anos estudando de que forma suas turnês poderiam não apenas impactar menos o ambiente como também contribuir para melhorá-lo. Assim foi montada a “Music Of The Spheres World Tour”, que deve terminar amanhã, dia 21/3, em Curitiba.
“Estamos muito conscientes que o planeta está enfrentando uma crise climática. Então nós passamos os últimos dois anos consultando especialistas em meio ambiente para tornar essa turnê a mais sustentável possível, e, tão importante quanto, aproveitar o potencial da turnê para levar as coisas para frente”, disse o grupo em seu site oficial.
Parece mesmo que eles pensaram, ou pelo menos tentaram pensar em tudo. O plano de iniciativas sustentáveis dos shows é detalhado e tem nada menos do que 12 itens: Emissão de CO2; Energia; Viagem; Show de Palco; Fãs; Água; Lixo; Comida; Merchandise; Fundo de Boas Causas; Natureza; Transparência.
BIOCOMBUSTÍVEL E PISOS CINÉTICOS
A banda fechou parceria com a DHL, empresa de logística internacional, para viabilizar a viagem. As emissões de frete marítimo e aéreo serão reduzidas pelo uso de biocombustíveis avançados. Para o transporte terrestre, a DHL vai utilizar uma frota de veículos elétricos e caminhões abastecidos com Bio-LNG (gás natural liquefeito de resíduos orgânicos). Cada show é alimentado por uma mistura de energia renovável e biodiesel.
O grupo ainda aproveita a energia dos fãs por meio de pisos cinéticos de última geração para prover a eletricidade gasta em cada show. Para cada ingresso vendido, o Coldplay também se propõe a plantar uma árvore em localizações selecionadas pela equipe, como parte do projeto “One Tree Planted” em parceria com outros programas de reflorestamento pelo mundo — incluindo o Raízes do Mogi Guaçu, criado pela WWF Brasil no Rio Mogi Guaçu, na Mata Atlântica.
Os palcos foram construídos com materiais reusáveis (como bambu e aço reciclado) e que foram reaproveitados ao longo da turnê. Os confetes usados são 100% biodegradáveis, e as pulseiras de LED que encantam os shows foram produzidas de materiais vegetais totalmente compostáveis – aliás, elas devem ser devolvidas ao final da apresentação. Todos os componentes eletrônicos serão reutilizados nos próximos anos. Infelizmente, o Brasil é o país que menos devolve os acessórios, segundo um painel exibido pela própria organização no estádio do Morumbi, que recebeu a banda.
TÊNIS FEITO DE LIXO
Todos os produtos comerciais da turnê, como roupas e acessórios, foram produzidos a partir de material sustentável e livres de plástico. A começar das próprias vestimentas dos músicos: o Chris Martin, vocalista, chamou atenção com um tênis feito com tecidos de 17 tênis encontrados no lixo. Os retalhos são de marcas como Nike, Asics e Hoka.
Já os alimentos à venda são providos por fornecedores locais ou fazendas que trabalhem com agricultura regenerativa; os cardápios tem opções vegetais e veganas como padrão, e todo o lixo orgânico proveniente da alimentação será enviado à compostagem. O grupo também exigiu que os comerciantes provem suas práticas éticas, incluindo salários compatíveis e condições justas de trabalho.
PARTICIPAÇÃO DOS FÃS
Além de gerar energia para a apresentação, utilizar copos e produtos reciclados e recicláveis, o público também foi convidado a emitir menos carbono.
A banda distribui ingressos de graça para quem calculasse a pegada de carbono do seu trajeto até o show e gravasse um vídeo, no qual contaria como neutralizou as emissões geradas durante o deslocamento. O procedimento foi viabilizado por meio de um aplicativo da Tembici.
Mesmo com todas estas iniciativas – e outras tantas que não citamos – a banda sabe que não será possível zerar as emissões. Um show de rock ainda tem impacto ambiental pesado. A ideia é usar estas apresentações como medida e aprimorar a cada ano.
“Não vamos acertar em tudo, mas estamos dispostos a fazer o que podemos e compartilhar o que aprendemos. É um trabalho em progresso e estamos realmente gratos pela ajuda que tivemos até agora”.
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