por Lara Luzuah
A música sempre foi uma grande amiga, presente em minha vida desde menina. Lembro de gravar coletâneas em fitas-cassete, fazer coleções de vinis e CD.
Aos 15 anos, uma canção de James Taylor interpretada por Milton Nascimento, Only a Dream in Rio, me tirou de uma crise de depressão. Passei um mês inteiro ouvindo-a continuamente. Foi nessa passagem que, além de começar a me curar, passei a entender o poder terapêutico da música. Eu ainda não sabia, mas esse também seria o caminho que escolheria para a minha vida.
Passei a produzir festas em Goiânia ainda adolescente. Em paralelo, também buscava formas de me expressar pela música. Fiz escola de música da Universidade Federal de Goiás e yoga da voz (metodologia desenvolvida pela cantora lírica Maude Salazar com técnicas vocais, respiração, visualização criativa, entoação de mantras e relaxamento) para me aprofundar nesse universo.
Observei que a música era usada para tratar doenças, mas o que fazia sentido mesmo para mim não era esperar a doença chegar e, sim, aproveitar o som de forma preventiva.
Eu queria oferecer música para que as pessoas se preenchessem de tal forma que não adoecessem mais
Esse insight me fez querer entender mais sobre os mistérios da vida. Comecei a estudar uma série de terapias alternativas, fazendo cursos de reiki, florais do Cerrado, xamanismo, astrologia, gemoterapia. Passei, então, a fazer trilhas musicais para terapeutas e a discotecar em eventos que tivessem como propósito o autoconhecimento.
Aos poucos, minha seleção musical foi mudando e a forma como eu escolhia as músicas também. Deixei de programar meu set previamente, escolhendo as músicas durante a própria discotecagem. Cada canção passava assim, a ter uma função particular.
Eu sentia a energia das pessoas, do local e, intuitivamente, ia entendendo qual som era necessário para facilitar o processo que estava sendo vivenciado no momento. Era a música vibrando cura
Nessa época, eu já havia parado de consumir bebida alcoólica e seguir sustentando as festas que produzia estava ficando bem difícil. Não fazia mais sentido para mim produzir aquele formato de evento. Cheguei a ficar alguns meses sem trabalhar, tentando entender que rumo seguir.
Foi quando me aproximei da música eletrônica, uma linguagem que ainda não tinha em meu repertório e que me trouxe outras percepções do que fazer. A partir desse dia comecei a conduzir musicalmente meditações e, hoje, essa experiência, junto com outras ferramentas de autoconhecimento, me levaram a criar uma vivência chamada “Floral Dance”, que une música, dança e escuta profunda, combinadas com as propriedades curativas dos florais.
Eu havia saído de Goiânia e estava morando na Chapada dos Veadeiros, explorando todas as maravilhas que esse lugar abençoado oferece. Foi quando outro insight me pegou de surpresa durante uma meditação: criar um evento que reunisse a música e a dança a vivências e terapias, em meio ao Cerrado.
Uma festival que realmente pudesse contribuir para a expansão da consciência e celebrasse a vida. Assim nascia, há sete anos, o Festival Ilumina, uma cocriação junto com uma amiga querida, a Karla Duarte. O propósito é a reconexão humana, com programação que vai de aulas de yoga, meditação e gastronomia consciente e vegana a shows musicais, dança e celebração da diversidade e preservação ambiental.
Queríamos que as pessoas vivenciassem tudo aquilo que nós estávamos vivendo na Chapada e, também, propagar valores essenciais como a preservação ambiental, o respeito à diversidade e à vida, o resgate da cultura brasileira, dos povos nativos e seus saberes ancestrais, o cultivo da espiritualidade e do autoconhecimento e a celebração do amor.
A ideia virou realidade e estamos aí às vésperas da 7ª edição do Festival Ilumina. Ao longo desses anos, já recebemos muitas pessoas incríveis e, para essa edição, que acontecerá entre hoje e domingo teremos mais de 40 atrações divididas em dois palcos ao ar livre (e um espaço com três piscinas naturais e a cachoeira São Bento).
Em meio a essa contagem regressiva para o evento, mesmo com todo o trabalho que produzir um festival desse porte dá, sinto que tudo em mim se move para que muitas outras edições venham por aí
Afinal, quando trabalho para que os outros tenham a oportunidade de se reconectarem com a própria essência, nutrindo suas almas e consequentemente agindo por um mundo melhor, vou também fazendo a minha parte nesse jogo, abrindo espaço dentro de mim para me realizar em meu propósito de vida.
Lara Luzuah, 42, trabalha como terapeuta musical, é DJ e idealizadora e produtora do Festival Ilumina, em Alto Paraíso de Goiás.
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