Verbete Draft: o que é Open Banking

Isabela Mena - 16 nov 2016Open Banking é um novo campo de negócios e serviços, criado a partir do momento em que bancos passam a dar acesso a dados de seus clientes a fintechs — ou o PayPal. Entenda melhor.
Open Banking é um novo campo de negócios e serviços, criado a partir do momento em que bancos passam a dar acesso a dados de seus clientes a fintechs — ou o PayPal. Entenda melhor.
Isabela Mena - 16 nov 2016
COMPARTILHE

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

OPEN BANKING

O que acham que é: Um banco sem as famigeradas portas giratórias.

O que realmente é: Open Banking é como se chama a possibilidade de criação de novos negócios e ecossistemas digitais disponibilizados por instituições bancárias. Isso é possível por meio das de APIs (Application Programming Interface). A partir da definição de APIs, o conceito de Open Banking fica mais claro: APIs são aqueles ícones de aplicativos (Facebook, Instagram e Twitter, por exemplo) colocados dentro de sites jornalísticos, de marcas, serviços etc, e que os interconectam.

No Open Banking, APIs de planejamento financeiro, simuladores de investimento e avisos (como o de que a conta está negativa) têm acesso a contas correntes, investimentos e ofertas bancárias dos usuários e podem utilizar seus dados para lhe oferecer serviços, conveniências e até realizar suas compras diretamente, sem sua “presença”, livrando-o da necessidade de inserir dados de cartão de crédito e outras informações.

As instituições bancárias, que ao adotar o Open Banking fidelizam clientes, precisam estar dispostas a abrir e liberar informações (algo ainda bastante novo e temerário) para que os desenvolvedores, as empresas de softwares e também as fintechs possam se conectar, ter acesso as informações financeiras da instituição e criarem seus próprios sistemas e produtos. Na prática, as APIs são consultas a dados e operações através de serviços expostos.

Professor de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Mogi das Cruzes, Rodrigo Rocha Silva diz que nessa plataforma de acesso compartilhado de dados bancários privados as APIs precisam ser suportadas por sólidas estruturas de segurança, jurídicas e de governança, já que são desenvolvidas por terceiros (ou seja, nem o usuário, nem o banco). “Os desenvolvedores das APIs devem seguir especificações rígida, para que haja total segurança em relação aos dados bancários dos clientes.”

Outro exemplo de API vinculada à conta bancária que dá ideia da importância da segurança é um site de viagem, por exemplo, ter acesso direto à conta corrente do usuário e pode efetuar a cobrança de passagens aéreas e hotéis, ou seja, comandar efetivamente transações financeiras. O banco, por sua vez, em função dessa informações, pode utilizar o sistema para vender ao cliente produtos como propostas de seguro viagem, compra de moeda estrangeira e aumento do limite do cartão ou de financiamento.

Quem inventou: A invenção do Open Banking é atribuída à PayPal, com o lançamento do PayPal API. O francês Crédit Agricole foi um dos primeiros bancos no mundo a adotar o sistema. Silva diz que a Open Banking Working Group (OBWG), plataforma do Reino Unido de acesso compartilhado de dados bancários privados, foi desenvolvida a pedido do Ministério de Economia e Finanças do Governo britânico, que a coordena e mantém seu desenvolvimento.

Quando foi inventado: A PayPal API em 2004, Credit Agricole em 2011 e o OBWG em 2015. O comitê da é formado membros executivos de instituições como Santander, HSBC, Royal Bank of Scotland e Tesco Bank, entre outros.

Para que serve: Basicamente para oferecer serviços financeiros inovadores, personalizados e com menos burocracias aos clientes que, por sua vez, mantêm fidelidade às instituições bancárias. Silva diz que com o advento do Open Banking, espera-se uma grande quebra de paradigma no dia a dia de muitas pessoas: “As instituições financeiras que adotam o Open Banking possuem clientes mais envolvidos e recorrentes em relação a serviços bancários. O motivo é simples: conveniência.”

Ele conta que o Open Banking também dá mais visibilidade a bancos e aplicativos que utilizam as APIs de uma corporação. “Serviços podem ser criados com um conjunto maior de funções, exibindo dados relevantes para o usuário, com mais segurança e privacidade. Assim, cada pessoa tem aceso a dados relevantes a qualquer momento, criando uma rotina financeira mais organizada e simples.”

Quem usa: Quaisquer instituições bancárias e aplicativos que sigam as regras de segurança. Fintechs no mundo todo não apenas estão adotando o Open Banking como tiveram um impulso em seus negócios a partir da sua criação. No Brasil, o Open Banking é bastante novo e ainda poucas APIs têm acesso a informações bancárias de brasileiros. A Cielo, por exemplo, por meio de sua loja de apps, a Cielo Store, pretende liberar APIs a desenvolvedores. Em setembro, o Banco Original, instituição financeira 100% digital, lançou uma plataforma de APIs abertas para desenvolvedores com o nome de, ora ora, Open Banking.

Efeitos colaterais: Há risco de fraude, caso normas de segurança não sejam obedecidas. “O alto custo a ser investido em estrutura de segurança, tanto pelos bancos, como por quem desenvolver as APIs é, hoje, a maior preocupação”, diz Silva.

Quem é contra: O professor diz desconhecer haver quem seja contra.

Para saber mais:
1) Leia, na Forbes, What ‘Open Banking’ Tells Your Bank About You, sobre como a criação do Open Banking permite que bancos menores não sejam massacrados por grandes instituições financeiras.
2) Na Startupi, Banco Original discute tendências dos serviços financeiros e lança plataforma para desenvolvedores. Para além do título, trata-se de um texto bastante preciso e detalhado sobre Open Banking, passando por mercado financeiro, devices, startups, fintechs, cases e dados.
3) Leia, BrasilEconômico, ‘Open banking’ deve chegar ao Brasil neste ano, texto com dados sobre o assunto.
4) Na Computerworld, Três tendências de digitalização da indústria financeira. Além de Open Banking (no item “Ecossistemas de parceiros digitais em torno dos grandes players”), fala sobre a busca pela melhor jornada do cliente e inovação.

COMPARTILHE

Confira Também: