Imagine se, na sua próxima mudança, sua única preocupação fosse levar as roupas e os objetos pessoais para a casa nova. Ao chegar, todos os eletrodomésticos e utensílios já estariam instalados — do robô aspirador ao detergente em cima da pia. Essa é a experiência que a Capsu quer proporcionar.
A startup foi fundada em 2022 por Diogo Roberte, um dos fundadores do PicPay, com a missão de inovar o mercado da construção civil a partir dos pilares do design e do elemento humano, que inclui pontos cruciais do negócio como sustentabilidade e saudabilidade.
Basicamente, a Capsu desenha e monta casas modulares, que são instaladas sobre pilotis (colunas de sustentação).
A inspiração veio da experiência de Diogo com eventos, quando ele percebeu que os estandes que montava em feiras eram como uma casa completa. A partir disso, passou a buscar soluções modulares para otimizar processos e reaproveitar estruturas em diferentes eventos.
Durante anos, isso ficou guardado numa gaveta na memória. “Após a minha saída do PicPay, fiquei pensando que outro negócio eu poderia desenvolver que estivesse conectado com questões estruturais. Foi quando olhei para a construção civil.”
Diogo concluiu que a questão da moradia mudou relativamente pouco, em seu aspectos fundamentais, ao longo dos milênios:
“Quando olho para a construção como é feita hoje, vejo que ela não sofreu uma grande evolução nos métodos construtivos. Isso me pareceu um mercado interessante para revolucionar e criar uma disrupção”
A Capsu utiliza um sistema de módulos a partir de 20 m², que podem ser combinados de diversas formas para atender às necessidades dos clientes. É possível criar casas com diferentes configurações, incluindo várias suítes, escritórios e deques.
A partir de uma conversa com o cliente, o projeto é desenhado, produzido e entregue pronto. No terreno, a Capsu faz o processo de construção dos pilotis que serão usados para assentar a casa. Os deques e áreas de lazer são montados depois que a casa está pronta.
O preço de uma casa completa (com decoração, eletrodomésticos e instalação) começa em 320 mil reais. Atualmente, existem duas unidades instaladas no Brasil: uma em Joaquim Egídio, no interior de São Paulo, e outra em Pedra Azul, no Espírito Santo. Ambas pertencem à Capsu e podem ser alugadas pelo Airbnb. Segundo Diogo, outras unidades já foram encomendadas.
Ainda de acordo com o empreendedor, a expectativa é que a Capsu chegue ao fim de 2025 com um VGV (valor geral de vendas) de 30 milhões de reais — contra 2 milhões de reais no ano passado.
Vender as casas é apenas um dos modelos de negócios da Capsu. A empresa também atua com incorporação imobiliária, desenvolvendo estudos de viabilidade, estruturação jurídica, marketing e vendas, além de atuar na hotelaria.
Um dos projetos em andamento é a Vila Joaquim Egídio, um complexo hoteleiro com 20 unidades Capsu, previsto para junho de 2026. As primeiras instalações começam ainda este ano.
Além de ser um espaço de lazer, Diogo acredita que o hotel vai funcionar como um lugar para que as pessoas experimentem como é estar em uma Capsu. Com isso, a expectativa é começar a superar um dos grandes desafios que a startup enfrenta: a comparação com o mercado tradicional apenas pelo preço do metro quadrado.
Segundo ele, essa lógica não se aplica diretamente porque quando alguém compra um apartamento, paga um valor alto por metro quadrado, mas recebe o imóvel no piso cru, sem acabamentos ou móveis.
Já na Capsu, o modelo seria diferente: a casa é entregue completamente pronta, com acabamentos, eletrodomésticos e mobiliário. Isso elimina a necessidade de gastar tempo e dinheiro com idas a lojas para comprar itens essenciais, o que pode representar um custo adicional significativo.
“É difícil traduzir essa experiência de uma casa pronta para uma apresentação em tela plana, em 2D ou 3D. A gente entende que o projeto hoteleiro vai permitir que mais pessoas tenham experiência na Capsu”
Embora a área de hospedagem seja a de maior destaque neste momento, Diogo explica que a Capsu pode perfeitamente ser usada como moradia, inclusive em grandes cidades, como São Paulo. É uma questão de definir as necessidades da família e estudar as possibilidades que o terreno oferece.
Fora isso, ele vê como uma vantagem ter uma casa que pode ser transportada para qualquer lugar. Imagine que você more em um bairro onde o seu terreno supervalorizou e foi vendido para a construção de um prédio. Uma casa tradicional será demolida. Com a Capsu, você pode retirá-la e levar para outro lugar de caminhão.
A Capsu tem dois pilares fundamentais: o design — que tem a ver com beleza e usabilidade — e o elemento humano, que inclui a sustentabilidade, a saudabilidade e a acessibilidade, itens que se conectam em muitos momentos
Para serem sustentáveis, os produtos e projetos precisam proteger o meio ambiente e ser de baixo impacto na natureza. Isso explica, por exemplo, o uso do CLT (Cross Laminated Timber, ou madeira laminada cruzada) na fabricação das casas. Neste tipo de material, as madeiras são coladas de forma a criar um produto robusto, que pode substituir o concreto. Além disso, a madeira estoca carbono, é um recurso renovável e, quando bem manejado, sustentável.
Apesar de ser um pilar, a sustentabilidade não é vista ou vendida uma bandeira, segundo Diogo.
“Isso faz uma grande diferença. Quando é uma bandeira, eu quero a todo momento mostrar que sou sustentável. Se é um pilar, isso vai gritar por si só para as pessoas dentro do mercado”
No caso da acessibilidade, o objetivo é que as casas ofereçam independência às pessoas. Isso é possível por meio de sistemas como bancadas com regulagem de altura — que atendem tanto a diferença de estatura entre as pessoas como aquelas que usam cadeira de rodas — e identificação de tomadas em braile.
“Quando desenvolvemos a Capsu discutimos com os times de arquitetura sobre ter uma casa acessível e outra não acessível. A verdade é que pessoas que usam cadeira de rodas, por exemplo, não conseguem estar em todos os lugares porque não existem sistemas e arquitetura que tornem a vida do cadeirante mais fácil. A partir desse olhar, todas as nossas casas passam a ser acessíveis desde a sua criação.”
Quando o assunto é a saudabilidade, isso inclui itens como conforto térmico, entrada de luz natural, proximidade com a natureza e a própria acessibilidade. Na verdade, falar de saúde tem a ver com o morar como um todo.
“Se eu tiver um ambiente mais saudável, isso vai fazer com que eu produza mais, com que eu tenha as minhas emoções num ambiente mais tranquilo e de paz”
Essa preocupação ajudou a Capsu a conquistar o selo GBC Life Performance Ratings, concedido pelo Green Building Council Brasil.
“A Sustentech foi a consultoria responsável por nos guiar na conquista do selo GBC Life Performance Ratings. A metodologia adotada avalia aspectos essenciais para a qualidade de vida, como conforto térmico, acústico, eletromagnético, ventilação, iluminação, e a qualidade do ar e da água. Esses parâmetros são fundamentados em normas internacionais, como as da OMS (Organização Mundial da Saúde), que definem os critérios para uma casa saudável.”
Diogo gosta de definir a Capsu como “uma empresa de design de produto em busca da casa perfeita”, embora saiba que a perfeição não existe.
“A gente nunca vai chegar na casa perfeita, mas isso é uma atitude, uma forma de pensar. A casa tem um papel muito maior do que a construção, do que o real estate. Ela é essencial para a nossa formação como seres humanos. Protege nossas emoções, é um refúgio seguro e contribui para o nosso desenvolvimento intelectual. A Capsu nasce com essa base, com esses pilares de valores, onde a gente cuida das pessoas.”
Ele acredita que está entrando no mercado em um momento de transformação, onde as oportunidades estão crescendo. No entanto, o que realmente norteia sua visão são os elementos que permanecem essenciais ao longo do tempo.
“Quero estar bem posicionado nessa onda de inovação, mas, acima de tudo, focado no que não muda. A preocupação com o meio ambiente só vai crescer e se tornar cada vez mais relevante. O cuidado com a saúde mental e emocional também será cada vez mais necessário”
Com essa visão de longo prazo e um modelo de negócio inovador, a Capsu já alcançou um valuation de 100 milhões de reais, segundo Diogo, e está aberta a novas rodadas de negociação para investidores interessados em impulsionar essa transformação na construção civil:
“Meu objetivo é oferecer soluções completas, que realmente melhorem a vida das pessoas.”
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