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Venho de uma família humilde, mas que me educou com valores sólidos. Aprendi desde cedo a respeitar as pessoas e a lutar por meus objetivos com garra, resiliência, responsabilidade, honestidade e ser movido a desafios e superações.
Iniciei minha carreira com 14 anos de idade por meio do programa jovem aprendiz de eletricista do SENAI patrocinado pela Light. Lá permaneci por mais de 20 anos e evolui academicamente e profissionalmente.
Cursei diversos MBAs e fui expatriado para a Europa, no grupo EDF (Électricité de France), onde trabalhei na França e no Reino Unido durante mais de quatro anos como executivo na gestão de projetos inovadores e estratégicos voltados a Smart Cities, Homes, Grids, Metering e Vehicles.
No Brasil, ocupei diversos cargos de liderança executiva, sendo o último Superintendente de Tecnologia e Inovação da Light e Coordenador Executivo do Programa Smart Grid Light-CEMIG.
Mas a época que mais me marcou foi quando fui nomeado Gerente do Departamento de Combate ao Furto de Energia de Grandes Clientes.
Uma de minhas funções era idealizar soluções tecnológicas que dificultassem a realização de fraudes nas medições de energia e, caso ocorressem, que sua detecção fosse imediata, por meio de algoritmos inteligentes e telemetria.
O resultado do trabalho foi um sucesso para a empresa, mas desagradou àqueles que praticavam ilícitos. Não à toa, eu era constantemente ameaçado de morte e andava com seguranças.
No entanto, nada disso evitou que eu sofresse um atentado, em outubro de 2004. Diversos tiros atingiram o veículo que eu dirigia, mas felizmente não a mim e nem aos seguranças que me acompanhavam
Eu praticamente renasci após esse incidente. Situações como essa nos fazem refletir sobre muitos aspectos e aprender valiosas lições. Como diz a minha mãe, citando o ditado, “quando a vida te der um limão, faça uma limonada”.
Foi isso o que eu revolvi fazer: me reinventei.
Comecei a refletir sobre o uso da tecnologia e como poderia contribuir para tornar o futuro digital mais humano.
Percebi que o desafio vai além de vigiar ou proibir. A verdadeira “transformação digital” começa com mudança de mentalidade e se consolida com educação digital.
As pessoas, independentemente de sua afinidade tecnológica ou de condição socioeconômica, deveriam ser o centro de qualquer ação. Era necessário conscientizá-las, educá-las e engajá-las a mudar de postura em relação à vida e à tecnologia, inclusive no tocante ao seu consumo de energia.
Em 2005, na Europa, comecei a colocar as minhas ideias em prática através da idealização e implementação de sistemas smart grid, metering, vehicles e homes.
No Reino Unido, os clientes, inclusive os residenciais, são livres para trocar de concessionária de energia a cada 28 dias. A fidelização, além de essencial, era terreno fértil à germinação de minhas ideias
Após estudo e dedicação, desenvolvemos plataformas inovadoras, nas quais os clientes podiam comandar dispositivos em suas residências, como aquecedores elétricos, para aproveitar as melhores tarifas nos diferentes horários do dia.
Essas plataformas também permitiam aos usuários estabelecer metas de consumo e adequar seus hábitos através de interfaces gráficas amigáveis em seus displays, smartphones e até mesmo na TV – respeitando as diferentes realidades dos consumidores.
Ao voltar ao Brasil, no final de 2009, lancei o maior e mais compreensivo programa de P&D do Setor Elétrico da América Latina de Redes Elétricas Inteligentes, bastante disseminado pela imprensa, por meio do qual busquei promover ações no mesmo sentido que na Europa.
Também me tornei pai e, no processo de educar meus filhos para a vida digital, sentia que podia e devia ir além do mercado de energia. Por isso, em 2013, quando fui desligado da concessionária carioca, rejeitei convites para ocupar cargos de direção.
Em vez disso, resolvi focar em realizar um sonho que cultivava desde a infância e que se tornou mais vívido e urgente após a paternidade e o atentado: empreender e tornar a educação minha missão
Iniciei lançando livros e criando a coluna semanal voluntária de rádio “Sucesso requer atitude” que aborda a importância da fé (independentemente da religião), de levar uma vida virtuosa e com propósito, de vivenciar cada momento em plenitude e dando o nosso melhor, de nos reinventarmos e superarmos adversidades com resiliência e criatividade, quantas vezes for preciso, e de vigiarmos nossas atitudes.
Também fundei, junto com uma sócia, a startup i9Group, empresa de educação tecnológica inteligente, onde busco explorar o poder de educar com propósito e empoderamento digital responsável através do direcionamento do potencial tecnológico, criativo e empreendedor das pessoas.
Por meio da implementação da Disciplina Inteligência Tecnológica e Empreendedora, por exemplo, alunos e professores aprendem a criar tecnologias, como websites, experiências no metaverso, impressão 3d, animações e jogos 2D e 3D, projetos de mecatrônica, inclusive envolvendo robôs e internet das coisas, além de aplicativos para smartphones e tablets.
Tudo isso de forma progressiva, criativa, responsável e com propósito, para promover a inclusão e sustentabilidade e aliar a teoria à prática.
A disciplina também aborda conceitos de cidadania e civilidade digital e permite tornar cultura colocar a mão na massa para aprender, se expressar, inovar e conectar pessoas.
No contexto atual, uma habilidade essencial é saber se expressar digitalmente.
Cada pessoa tem sua forma de ver o mundo. A produção de conteúdo e a criação de tecnologias digitais permitem exercer nossa criatividade, transformar ideias em realidade e mostrar quem somos, nosso potencial e diferenciais.
Estamos diante de uma geração com potencial natural para ir além de usuários – e se tornar inventores e criadores ativos de conhecimento e tecnologia. Mas o desafio vai além de ensinar a postar, criar robôs e outras tecnologias
Além de empoderar de forma segura e responsável, é preciso direcionar as inteligências tecnológica, criativa e empreendedora dos alunos e educadores com propósito de forma virtuosa.
Posso citar vários exemplos de alunos de colégios parceiros da i9Group que demonstram isso na prática. É o caso dos apps desenvolvidos por alunos do 7º ano do Colégio Teresiano CAP PUC-RJ, PROPET – por meio do qual o usuário pode identificar animais perdidos, abandonados, feridos, maltratados, ou vulneráveis de alguma forma.
Outro exemplo é o Luxo Orgânico, desenvolvido para incentivar a coleta e destinação de resíduos de origem vegetal ao permitir a doação de alimentos maduros, como verduras, legumes, hortaliças e frutas, impróprios para a venda, mas próprios para o consumo.
Tem ainda apps desenvolvidos pelos alunos do ensino fundamental do Colégio Franciscano Coração de Maria em Belo Horizonte, como o UAI Prefeito (que permite marcar a localização e notificar problemas da cidade em tempo real, como buracos na via e bueiros sem tampa) e o Não Chora Bebê, uma babá eletrônica voltada a pessoas com deficiência auditiva, que faz o celular vibrar ao detectar que o neném está chorando.
Com a i9Group, consegui demonstrar que a tecnologia pode e deve ser direcionada a favor da educação, da sociedade, do planeta, da inclusão e das profissões do futuro.
Porém, um pensamento me consumia: o assunto é importante demais para ficar restrito às escolas parceiras. Como ir além?
Um dia, falei com uma amiga sobre o tema. Horas depois, quando estava em oração, ela me interrompeu e disse: “Queria tanto ler um livro seu que falasse disso para me ajudar a educar meus filhos para o mundo digital”.
Nos dias seguintes, sem que nada lhes fosse perguntado, várias pessoas me disseram o mesmo e se colocaram à disposição para ajudar e patrocinar.
Assim, há poucos meses, dei vida ao meu nono livro, chamado Conduzindo nas Vias Digitais: um guia de empoderamento digital para pais, professores e líderes na formação de cidadãos digitais e protagonistas conscientes.
A obra mostra como desenvolver uma relação saudável com a tecnologia para usá-la com propósito e ensina a lidar com os riscos e as oportunidades do mundo digital, a assumir o controle nessa jornada.
Em termos práticos, me refiro a nos tornarmos capazes de nos prevenirmos de golpes, assédios e predadores online, por exemplo, mas também de aproveitarmos os benefícios da economia digital, criativa e colaborativa – inclusive para fazer o bem
Como proteger e supervisionar crianças e adolescentes, e até mesmo colaboradores, sem dominar o universo digital?
Diferentemente dos nativos digitais, muitos adultos perderam o domínio da tecnologia, limitando-se a meros usuários, consumidores, curtidores e compartilhadores de conteúdo. Assim, além de desperdiçar oportunidades, tornam-se incapazes de orientar e ainda viram alvos fáceis para criminosos digitais.
É preciso quebrar esse ciclo e se empoderar digitalmente para assumir o volante nas vias digitais. Se empoderar para empoderar. Se proteger para proteger.
O prefácio do livro foi escrito por diversas pessoas: diferentes vozes, de especialistas e atores de várias gerações, se unem para produzir uma riqueza de conteúdo sem igual.
Nos lembra que o empoderamento digital responsável floresce quando especialistas, famílias, escolas, organizações e comunidades caminham lado a lado, cooperando, ensinando e aprendendo coletivamente.
Ratifica também a importância da civilidade e cidadania digital, ao nos recordar da necessidade de sermos empáticos, sensíveis, críticos e responsáveis na absorção de conteúdos e em nossas comunicações.
Meu sonho de infância, de fazer da educação minha missão, se complementa por meio desta singela obra, escrita com dedicação e amor, e das palestras, workshops e outras formações e iniciativas que pretendo realizar por meio dela.
Sou pai de adolescentes e, no contexto digital que vivemos, desejo para eles uma educação cada vez mais colaborativa, compartilhada, inclusiva e adaptada a sua realidade e tendências. Que favoreça atitudes virtuosas e altruístas e que conecte a todos pelo amor e pela empatia
Mesmo no universo digital, onde bytes cruzam o planeta em milissegundos, o amor é e sempre será a linguagem mais poderosa para conectar. Afinal, a verdadeira conexão não ocorre por cabos ou sinais, mas por corações que sabem amar e compartilhar.
A tecnologia pode ser um poderoso recurso catalisador para espalhar o altruísmo, a generosidade. Ela conecta pessoas a causas e propósitos. E, como diz uma frase, que procuro vivenciar e carrego em meu coração: “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas…”
Fabio Toledo é empresário, professor de cursos de pós-graduação, apresentador da coluna Sucesso Requer Atitude, difundida semanalmente há mais de 10 anos em diversas rádios do país, e palestrante sobre Inovação, Smart Education e Internet das Coisas. Fundador da startup i9Group, ele é também autor do livro Conduzindo nas Vias Digitais: um guia de empoderamento digital para pais, professores e líderes na formação de cidadãos digitais e protagonistas conscientes.
Gabriel Ferreira cresceu sem privilégios e tentou ser jogador de futebol, mas levou um golpe de um falso empresário que pôs fim ao seu sonho. Ele conta como reescreveu a sua história criando uma marca de creatina com foco no público feminino.
Há quase 1 milhão de pessoas presas no Brasil. De olho nesse público, Péricles Ribeiro fundou a Loja do Preso, que atende famílias de detentos vendendo kits com produtos permitidos na prisão, como biscoito, xampu, repelente e desodorante.
Movida pelo lema “siga sua paixão”, Letícia Schwartz foi viver nos EUA e fez sucesso com livros sobre gastronomia. Até que se apaixonou pela educação e fundou uma consultoria que ajuda alunos a ingressar em faculdades americanas.
